Por Susan Cornwell e Amanda Becker
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou os parlamentares republicanos da Câmara dos Deputados que irá deixar o Obamacare como está e se ocupar da reforma tributária se os deputados do partido não apoiarem sua nova lei para a saúde em uma votação nesta sexta-feira.
Na noite de quinta-feira ainda não estava claro se Trump e os líderes republicanos que elaboraram o projeto de lei têm apoio suficiente para aprová-lo, o que implica o risco de uma derrota em sua primeira tentativa de adotar uma nova lei de peso, além de não cumprir uma promessa de campanha crucial.
"Estamos prometendo ao povo americano que iremos revogar e substituir esta lei fracassada porque ela está desmoronando e decepcionando as famílias, e amanhã iremos prosseguir", disse o presidente da Câmara, Paul Ryan, a repórteres após uma reunião noturna com a liderança partidária. Ele ignorou os jornalistas que perguntaram se ele já tem os votos necessários para aprovar o projeto de lei.
Ryan e líderes da Câmara foram forçados a adiar uma votação de seu projeto de lei de reforma da saúde, formalmente chamado de Lei Americana de Acesso à Saúde, no início da quinta-feira, provocando um revés constrangedor para Trump.
A votação havia sido planejada para coincidir com o aniversário da assinatura do ex-presidente democrata Barack Obama na reforma de saúde de seu governo, a Lei de Saúde Acessível de 2010, conhecida como Obamacare, um simbolismo que marcaria a primeira vitória legislativa de Trump.
O presidente e seus correligionários haviam prometido substituir o Obamacare, que veem como muito intrusivo e caro.
Mas depois de uma semana convocando parlamentares republicanos e chamando-os ao Salão Oval para reuniões, Trump foi incapaz de fechar um acordo com duas facções de seu partido a tempo para a votação planejada para quinta-feira.
Os conservadores acham que o projeto de lei não é ambicioso o bastante para revogar o Obamacare, e os moderados temem que o plano prejudique seu eleitorado. Líderes republicanos da Câmara sinalizaram que estão dispostos a trabalhar no final de semana para encontrar uma maneira de reconciliar as diferenças.
Trump disse aos repórteres que a votação será apertada, mas se manteve otimista. "Acho que estamos indo bem. Iremos descobrir em cerca de três horas", afirmou na ocasião em que surgiam os primeiros relatos de que a votação seria adiada.
Na noite de quinta-feira, ele enviou seus principais assessores a uma reunião dramática no Capitólio com um ultimato: não iria mais conversar.
"O presidente disse que quer uma votação amanhã, (é) tudo ou nada", disse o deputado Chris Collins, de Nova York.
(Reportagem adicional de Richard Cowan, David Morgan, David Lawder, Amanda Becker, Eric Beech, Eric Walsh, Steve Holland, Jeff Mason, Caroline Humer, Megan Davies, Emily Stephenson, Yasmeen Abutaleb, Jennifer Ablan, Noel Randewich, Lewis Krauskopf e Doina Chiacu)