Por Steve Holland e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Comissão Europeia, órgão Executivo da União Europeia, Jean-Claude Juncker, concordaram nesta quarta-feira em trabalhar em direção à eliminação de barreiras comerciais em bens industriais, e Trump aparentou ceder terreno em sua ameaça de impor tarifas sobre carros.
O acordo para organizar um “grupo de trabalho de alto nível” para negociar a tarifa, subsídios e reduções de barreiras não-tarifárias pode reduzir temores de uma crescente guerra comercial transatlântica lançada pelas tarifas de Trump sobre aço e alumínio e uma ameaça de impor uma tarifa de 25 por cento sobre carros e peças de automóveis importados.
Notícias sobre o acordo ajudaram mercados globais de ações a estenderem sua recuperação recente.
Trump e Juncker disseram após encontro na Casa Branca que concordaram em realizar conversas comerciais abrangentes que também cobrem aumentos de compras europeias de soja norte-americana e gás natural liquefeito (GNL) e redução de barreiras para comércio transatlântico em serviços e produtos químicos, farmacêuticos e médicos.
Eles também disseram que irão cooperar para reformar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Mas Trump concordou em “resolver” tarifas existentes dos EUA sobre aço e alumínio da Europa, assim como tarifas retaliatórias da Europa contra motos, bourbon e outros produtos dos EUA.
Juncker disse que embora negociações estejam acontecendo sobre estas questões, ambos lados haviam concordado em não impor novas tarifas, incluindo as que Trump ameaçou impor sobre automóveis e peças de carros.
“Enquanto estivermos negociando, a não ser que uma parte pare as negociações, nós iremos afastar novas tarifas”, disse Juncker. “E nós iremos reavaliar as tarifas existentes sobre aço e alumínio.”
A ameaça de Trump em impor tarifas sobre importações de automóveis iria atingir as fabricantes europeias BMW, Daimler e Volkswagen com força, assim como companhias japonesas e sul-coreanas de automóveis.
O Departamento do Comércio pode recomendar novas tarifas até setembro após uma investigação sobre se importações de carros apresentam um risco à segurança nacional dos EUA.
Os dois líderes não mencionaram especificamente tarifas de carros em suas afirmações, mantendo o foco em outros produtos industriais.
“Nós concordamos hoje, primeiro de tudo, em trabalhar juntos em direção a zero tarifas, zero barreiras não tarifárias, e zero subsídios em bens industriais não automobilísticos”, disse Trump a repórteres na Casa Branca.
A Comissão informou países da União Europeia na semana passada sobre possível resposta do bloco às tarifas de carros, dizendo que em teoria isto poderia atingir 9 bilhões de euros em bens norte-americanos, de acordo com fontes dos EUA.
(Reportagem adicional de David Shepardson e Johan Ahlander)