WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu perdão na sexta-feira a um polêmico xerife e aliado político, Joe Arpaio, menos de um mês após ele ser condenado em um caso envolvendo racismo.
"Durante seu período como xerife, Arpaio continuou o trabalho de sua vida de proteger o público do crime e da imigração ilegal", informou um comunicado da Casa Branca que anunciava o perdão, o primeiro da administração Trump.
Arpaio, de 85 anos, autointitulou-se o “xerife mais durão da América”, mas foi derrotado na reeleição para o cargo pelo Condado de Maricopa em novembro, após 24 anos no posto. Ele é conhecido pela repressão a imigrantes ilegais e por investigar acusações infundadas e apoiadas por Trump quanto à origem do ex-presidente Barack Obama.
"Tenho que agradecer o presidente pelo que fez, com certeza", disse Arpaio à Reuters em breve entrevista telefônica. “Ele é um grande apoiador das forças de segurança.”
Arpaio disse à Reuters que revelará, na segunda ou terça-feira, mais detalhes sobre a “história real” do caso que o levou a julgamento. Ele sustenta há tempos que a acusação, datada do governo Obama, foi politicamente influenciada para tirá-lo do cargo.
Ativistas pelos direitos civis condenaram a decisão de Trump e a classificaram como um apoio ao racismo e às políticas de imigração que contrariam as leis.
“De novo, o presidente atua para ajudar práticas anti-imigração ilegais e falidas que têm como alvo pessoas de cor e que foram condenadas por tribunais”, disse a vice-diretora jurídica da União Americana pelas Liberdades Civis, Cecillia Wang.
Alejandra Gomez, co-diretora executiva da Living United for Change in Arizona (LUCHA), afirmou: “O presidente Trump perdoou um terrorista hoje. Joe Arpaio aterrorizou intencionalmente comunidades de imigrantes em todo o Arizona por décadas e traumatizou uma geração inteira de Arizonenses”.
O senador democrata Patrick Leahy afirmou que estava “desgostoso de que ele colocou o nível tão embaixo para seu primeiro perdão”. “Após o racismo e o ódio em Charlottesville, nosso país precisa se unir e se curar. Mas esse processo de cura não virá de um presidente que apenas explora divisões e medos”, concluiu.
Arpaio, que fez campanha por Trump em 2016, foi condenado em 31 de julho pela juíza Susan Bolton, que considerou que ele violou intencionalmente uma ordem de 2011 que impedia seus oficiais de parar e prender motoristas latinos apenas pela suspeita de que eles estavam no país ilegalmente.
Arpaio admitiu que desobedeceu inadvertidamente a ordem, mas afirmou que isso não é crime.
(Por Bill Trott, Eric Walsh e Julia Harte em Washington e David Schwartz em Phoenix)