Por Roberta Rampton e Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou novamente a interferência estrangeira nas eleições presidenciais do país, ao pedir publicamente à China que investigue o rival político democrata Joe Biden - uma solicitação semelhante já desencadeou uma investigação de impeachment no Congresso.
Ao deixar a Casa Branca para uma visita à Flórida, Trump disse a jornalistas acreditar que tanto a China quanto a Ucrânia deveriam investigar Biden e seu filho empresário, Hunter Biden.
"E, a propósito, a China deveria iniciar uma investigação sobre os Bidens. Porque o que aconteceu na China é tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia", declarou Trump.
Trump e seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, não apresentaram evidências de suas afirmações de corrupção contra o ex-vice-presidente Biden, um dos principais candidatos à indicação do Partido Democrata para concorrer contra o republicano nas eleições de 2020.
Questionado sobre se pediu ao presidente chinês, Xi Jinping, para investigar, Trump disse: "Eu não pedi, mas é certamente algo em que podemos começar a pensar."
O apelo de Trump à China foi particularmente impressionante, dado que Washington e Pequim travam uma guerra comercial amarga iniciada pelos Estados Unidos e que tem prejudicado o crescimento econômico global. Eles devem realizar outra rodada de negociações nos Estados Unidos na próxima semana.
Após as declarações de Trump, a vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, disse em comunicado que Trump está "se agarrando desesperadamente a teorias da conspiração que foram desmascaradas" e "agora, com seu governo em queda livre, Donald Trump está se debatendo e derretendo na televisão nacional".
Em um telefonema em julho, Trump pediu ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para investigar Biden e seu filho por alegações de corrupção. Hunter Biden fazia parte do conselho de uma empresa de gás ucraniana.
A revelação do pedido por um denunciante levou a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a anunciar uma investigação formal de impeachment contra Trump na semana passada.
Trump congelou 400 milhões de dólares em ajuda dos EUA à Ucrânia pouco antes de pedir a Zelenskiy pelo favor, provocando acusações dos democratas de que ele usou a política externa dos EUA para ganho pessoal.
A investigação de impeachment pode levar à aprovação de artigos do impeachment --ou acusações formais-- contra Trump na Câmara, controlada pelos democratas. Um julgamento sobre a destituição do cargo seria realizado no Senado, controlado pelos republicanos. Muitos republicanos, no entanto, têm mostrado pouco apetite por derrubá-lo.