Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia preparou o esboço de um comunicado aos ministros das Relações Exteriores dos seus 28 países-membros pedindo uma prorrogação das sanções à Rússia por seis meses, o acréscimo de novas pessoas à lista de sanções e a preparação de novas medidas.
Os chanceleres solicitaram uma reunião extraordinária para a quinta-feira em reação a um novo avanço dos rebeldes pró-Rússia. A Ucrânia diz que 30 civis foram mortos no sábado em bombardeios realizados pelos rebeldes na cidade portuária de Mariupol, ainda sob controle do governo, acabando com o cessar-fogo de cinco meses.
"Em vista da deterioração da situação, o Conselho (de ministros das Relações Exteriores) concorda em ampliar as medidas restritivas visando indivíduos e entidades por ameaçar ou minar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia... até setembro de 2015", de acordo com o rascunho das conclusões do encontro visto pela Reuters.
A declaração se referia ao congelamento de bens e proibições de viagens a dezenas de ucranianos e russos desde a anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia em março do ano passado.
Os ministros também pedirão à Comissão Executiva da UE e ao seu serviço diplomático que elaborem uma lista de nomes adicionais que podem sofrer sanções, para que uma decisão seja tomada dentro de uma semana, de acordo com o rascunho.
Os ministros irão se comprometer a acompanhar de perto a situação no terreno e a "agir de acordo".
Eles pedirão que as autoridades levem a cabo "qualquer ação apropriada, em especial no tocante a medidas restritivas adicionais, com o objetivo de garantir a implementação rápida e abrangente" do acordo de trégua assinado em setembro em Minsk e que países ocidentais acusam Moscou de violar.
RÚSSIA NEGA, GRÉCIA QUESTIONA
Uma decisão sobre novas sanções econômicas contra a Rússia deve ser deixada a cargo dos líderes da UE, que se reúnem em 12 de fevereiro. O esboço do comunicado ressalta indícios do apoio russo contínuo e crescente ao conflito, que já matou mais de cinco mil pessoas.
A Rússia nega envolvimento direto nos combates. Kiev e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmam que Moscou enviou milhares de soldados para lutar ao lado dos separatistas, além de armá-los e financiá-los.
Mas forjar uma política unânime para a Rússia tem se mostrado complicado para a UE, e um fator imprevisível pode ser a Grécia, cujo primeiro-ministro recém eleito, Alexis Tsipras, queixou-se por Bruxelas tratar da Rússia sem consultá-lo antes.
Segundo o rascunho, os ministros do bloco irão solicitar que Moscou repudie as ações dos separatistas e implemente o acordo de Minsk.
(Reportagem adicional de Deepa Babington, em Atenas)