CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Milhões de mulheres vão se manter longe dos escritórios, das escolas e de gabinetes governamentais do México e da Argentina nesta segunda-feira, reforçando os protestos históricos contra violência de gênero que levaram milhares às ruas no fim de semana.
Chamada de "Um dia sem nós", a ação visa mostrar como seria a vida cotidiana se as mulheres sumissem da sociedade. No México, a greve decorre de um aumento no desaparecimento de mulheres e feminicídios, os assassinatos de mulheres motivados por gênero.
No México, os feminicídios cresceram 137% nos últimos cinco anos, indicam dados do governo, à medida que a violência de gangues elevou o índice nacional de assassinatos a nível recorde. A maioria dos crimes não é solucionada.
No domingo, um número inédito de mulheres tomou as ruas pela América Latina como parte do Dia Internacional da Mulher, exigindo direitos em prol do aborto e ações de líderes para dar fim à violência.
De maioria pacífica, alguns protestos contaram com episódios violentos, como coqueteis molotov jogados no Palácio Nacional do México após os assassinatos de uma criança de 7 anos e o de uma jovem mulher chocarem o país.
O impacto da greve desta segunda-feira, por outro lado, resultará da ausência de mulheres em empresas, universidades e ministérios do governo. Nem todas as mulheres, no entanto, vão aderir ao movimento.
"Estamos cansadas de ser vítimas, de ser abusadas e maltratadas. Já chega", disse Alma Delia Díaz, de 45 anos, esteticista no subúrbio de Ecatepec, na Cidade do México.
Díaz alegou que apoia mulheres se fazerem ouvidas, mas pessoalmente não perderá um dia de trabalho.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que os funcionários do governo estão livres para aderir à iniciativa, mas também acusou sua oposição política de explorar os problemas de segurança do país para prejudicar seu governo.
(Por Clarence Fernandez)