LOS ANGELES (Reuters) - Os planos de uma versão com elenco exclusivamente feminino para o romance juvenil clássico "O Senhor das Moscas", de William Golding, foi criticado na quinta-feira por se desviar da mensagem da história sombria e mortífera sobre o assédio entre meninos adolescentes presos em uma ilha deserta.
A notícia sobre a refilmagem, que na quarta-feira o site especializado Deadline.com disse estar nos estágios iniciais de desenvolvimento, foi um dos principais assuntos no Twitter.
A autora feminista Roxane Gay disse que uma versão feminina não faz sentido porque "a trama desse livro não aconteceria com todas as mulheres".
"Se você quer contar uma história sobre feminilidade tóxica tudo bem, faça isso. Mas usar 'Senhor das Moscas' como veículo é preguiçoso e idiota", acrescentou ela no Twitter.
O livro de 1954 do escritor inglês sobre um grupo de alunos retidos em uma ilha remota depois da queda de um avião é uma alegoria social distópica sobre a natureza humana e os instintos de sobrevivência que afloram enquanto os meninos regridem a um estado primitivo.
O filme será escrito e dirigido por Scott McGehee e David Siegel e produzido pela Warner Bros., informou o Deadline. Representantes do estúdio não quiseram comentar.
Siegel disse ao site dedicado a notícias de Hollywood que "O Senhor das Moscas" é especialmente relevante hoje, citando conflitos interpessoais e bullying.
Uma perspectiva totalmente feminina "mudaria as coisas de uma maneira que pode ajudar as pessoas a ver a história de uma forma nova", acrescentou.
Hollywood vem fazendo refilmagens com elenco exclusivamente feminino nos últimos anos, entre eles a versão de 2016 de "Os Caça-Fantasmas" e o ainda inédito "Ocean's Eight", em parte para abordar a questão da escassez de papéis principais para mulheres.
Os críticos do projeto de "O Senhor das Moscas" ficaram irritados com o fato de dois homens estarem escrevendo o roteiro para um filme centrado em mulheres em meio a um debate em andamento sobre a falta de diversidade de gênero em Hollywood.
"Caramba. Pergunto-me por que nenhuma mulher pensou nisso", respondeu Libba Bray com uma foto de si mesma com seu livro de 2011 "Beauty Queens", que trata de um grupo de adolescentes que participam de um concurso de beleza em uma ilha deserta.
(Por Piya Sinha-Roy) OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20170901T165136+0000