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Caos da guerra em Gaza força cristãos a enterrarem mortos em cemitérios muçulmanos

Publicado 09.04.2024, 10:47
Atualizado 09.04.2024, 10:50
© Reuters. Cemitério muçulmano em Rafah
 7/4/2024   REUTERS/Mohammed Salem

Por Mohammed Salem

GAZA (Reuters) - Com muito medo de viajar pelas perigosas estradas que levam aos seus cemitérios em Gaza, os cristãos palestinos estão enterrando seus entes queridos em cemitérios muçulmanos em meio ao caos da guerra entre Israel e o Hamas.

"Trabalho neste cemitério há quase 10 anos e isto ocorre pela primeira vez em minha vida", disse Ihsan al-Natour, um trabalhador do cemitério Tal al-Sultan, onde um homem pegou um corpo envolto em mortalha e o colocou dentro de uma sepultura enquanto uma criança pequena observava.

"Nunca vi um cristão ser enterrado em uma sepultura muçulmana, mas por causa dessa guerra, não tivemos escolha a não ser enterrá-lo aqui."

Desde o início da guerra, há seis meses, os bombardeios israelenses já mataram mais de 33.000 palestinos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza. Algumas pessoas perderam famílias inteiras.

Grande parte do enclave costeiro foi transformado em ruínas, com edifícios reduzidos a escombros e poeira. Os hospitais em péssimas condições não conseguem lidar com as vítimas, enquanto a fome aumenta o sofrimento.

Viajar por estradas que podem ser bombardeadas só piora a angústia das pessoas que tentam enterrar seus mortos. Israel ainda não permitiu que os residentes do norte de Gaza, onde está localizado o cemitério cristão, voltassem para casa.

Al-Natour disse que o cemitério Tal al-Sultan recebeu o corpo de um homem cristão chamado Hani Suheil Abu Dawood porque era muito perigoso para sua família viajar em meio ao cerco. Eles não puderam se despedir dele adequadamente.

"Então, nós o enterramos aqui no cemitério Tal al-Sultan. Não fazemos distinção entre muçulmanos e cristãos aqui. Ele está enterrado entre os muçulmanos e não há sinais que indiquem que ele é cristão", afirmou.

A cooperação entre cristãos e muçulmanos não é incomum em Gaza.

"Eu tenho que cuidar dele porque ele é cristão. Temos que proteger as criações de Deus nesta terra", disse al-Natour.

© Reuters. Cemitério muçulmano em Rafah
 7/4/2024   REUTERS/Mohammed Salem

"Ele é um ser humano, nós respeitamos os seres humanos e apreciamos a humanidade e amamos cada pessoa na Terra. Não é da nossa natureza, como muçulmanos, odiar a humanidade."

A guerra teve início em 7 de outubro, quando homens armados do Hamas invadiram Israel a partir de Gaza e mataram 1.200 pessoas, de acordo com dados oficiais israelenses, desencadeando o ataque israelense.

É provável que o cemitério receba muito mais pessoas, pois o número de mortos palestinos aumenta a cada dia.

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