🔮 Melhor do que Buffett? Nosso Preço-Justo achou essa joia com +42% 5 meses antes deleLibere o preço-justo

Atividade Econômica Segue Contaminada pela Crise

Publicado 11.04.2016, 17:28

Vamos dar uma “respirada” sobre as escaramuças políticas do país nesta semana, talvez com alguma definição na próxima, depois da votação do parecer do impeachment na Câmara (entre os dias 15 e 17).

Na semana passada uma sucessão de “movimentos políticos”, entre recuos e avanços, norteou o comportamento dos ativos, que oscilaram (e muito). As “negociatas” do governo seguiram intensas, o número de deputados pelo impeachment até aumentou, mas também de indecisos e dos que podem “melar” a votação, por não comparecerem no dia. Ingressamos na contagem regressiva. Pelas apurações do jornal Estado de São Paulo, no dia 8/4 eram 275 votos a favor do impeachment, 114 contrários, e no mesmo montante (62) entre indecisos e também ausentes.

Sobre o ambiente econômiconão seria diferente. A atividade econômica segue contaminada pela crise, “patinando” na expectativa de um desfecho e, a partir daí, algum olhar sobre o horizonte. Não será uma tarefa fácil.

Embora o impeachmenttenha perdido um pouco de força por estes dias continuamos acreditando no Cenário Básico, em torno de 60% de chances, contra 80/85% entre meados e fins de março. Neste, assume Michel Temer, numa agenda mais pragmática, simpática à economia de mercado e sem grandes arroubos ou malabarismos, algo raro nos últimos anos petistas. Cabe salientar, também, que ainda existe o risco de a presidente continuar ou mesmo do TSE impugnar sua chapa, neste caso, depois, convocando eleições gerais (em 90 dias). Alguns, inclusive (Marina e Renan Calheiros), já quiseram colocar este “bode na sala”, antecipando para este ano as eleições presidenciais de 2018.

É nesta “barafunda” que a sociedade brasileira se vê obrigada a transitar. É possível enxergar algum desfecho? Impossível. Tudo pode acontecer, ou mesmo nada, com Dilma mantida até 2018. Mas como governar tendo o poder totalmente fragmentado, 70% de impopularidade e crise econômica profunda?

Sobre o “estado da economia”, cabem alguns comentários importantes.

Falando dos Índices de Confiança, variável essencial neste momento, até observou-se alguma reação, com algumas Sondagens da FGV em elevação nos últimos dois meses (Indústria, por exemplo). Não dá para assegurar, no entanto, que isto tenha sido uma tendência. No máximo, um “espasmo”, dado algum evento isolado. No caso das Sondagens do Consumidor e do Comércio, a melhoria observada decorreu do aumento da renda, ocasionado pelo reajuste do salário mínimo em 11% para este ano.

Comportamento de Sondagens FGV

Falando da Indústria e do Comércio, em fevereiro a PIM despencou 2,5% contra janeiro, recuando 9,8% contra o mesmo mês do ano passado e 9,0% em 12 meses. Já o varejo se manteve no negativo em janeiro, recuando 1,5% contra o mês anterior, 10,3% contra o mesmo do ano passado e 5,2% em 12 meses. Para fevereiro, as projeções indicam que deve recuar ainda mais, algo em torno de 2% contra janeiro.

INDÚSTRIA E COMÉRCIO DESPENCANDO (12 MESES) (IBGE)

INDÚSTRIA E COMÉRCIO DESPENCANDO (12 MESES) (IBGE)

Agregando estes dados, e ainda os serviços em queda, estamos prevendo o PIB recuando em torno de 1,5% no primeiro trimestre deste ano, contra o anterior, devendo ultrapassar 4% de queda na análise anual. A projeção desta Consultoria para este ano é de 4,2%, não acreditando, caso Dilma continue no poder, numa retomada no último trimestre. Esta, se ocorrer, só será possível se a presidente sair e assumir Michel Temer no seu programa emergencial de governo (Uma ponte para o futuro). No mercado, há instituições, como o Crédit Suisse,que trabalham com o PIB recuando 6% neste ano e o desemprego passando de 14% da PEA. Sobre este, até achamos que deve chegar a dois dígitos, mas algo próximo a 11%.

Sobre a inflação, superado o repique do início de ano, causado por fatores sazonais, como educação, contratos anuais, serviços, transportes, etc, em março registrou forte desaceleração, sendo destaque o IPCA, em 0,43% e 9,4% em 12 meses, contra 10,36% no anterior, mesmo patamar do IGP-DI, e o IGP-M a 0,51%. O forte recuo dos serviços, a revisão da bandeira tarifária de energia elétrica e a apreciação cambial também contribuíram para este recuo. Em decorrência, é possível vislumbrar o IPCA entre 6,5% e 7,0% ao fim deste ano, o mesmo acontecendo com os IGPs.

COMPORTAMENTO DO IPCA POR GRUPOS EM 12 MESES (IBGE)

COMPORTAMENTO DO IPCA POR GRUPOS EM 12 MESES (IBGE)

Isto deve abrir espaço para uma ação mais flexível por parte do BACEN, mais para o final do ano, num ambiente de economia paralisada e desemprego acelerando. Esta, no entanto, estará condicionada a quem estiver na presidência nos próximos meses. Por enquanto, na hipótese de Dilma continuar e seguindo a lógica de atuação do presidente Tombini, a previsão é de recuo gradual da taxa Selic, mais para o final do ano, a 13,75/13,50%. Importante observar, no entanto, que as últimas declarações do BACEN indicavam movimento contrário no curto prazo, com a taxa mantida em 14,25%, diante das incertezas dos chamados “eventos não econômicos”, ou seja, da crise política.

Falando da taxa de câmbio, vem oscilando ao sabor da crise política doméstica, mas também pelos movimentos dos bancos centrais ao redor do mundo. Observa-se que na Zona do Euro e no Japão as taxas de juros vêm se mantendo em patamar bem baixo, ou até negativo, gerando algum afluxo para os EUA, valorizando o dólar. Decorrente disto, as moedas dos emergentes vêm oscilando ao sabor, em parte, destas mobilidades de recursos, dadas as políticas monetárias mais frouxas em alguns países e mais cautelosas nos EUA.

Neste contexto, ao fim deste ano estamos trabalhando com o dólar em torno de R$ 3,70, não sendo surpresa se chegar a R$ 4,00 (ou mais) caso Dilma continue ou a R$ 3,20, caso saia. Tudo dependerá do desenrolar do atual imbróglio político, com as votações no Congresso.

Por fim, sobre a política fiscal, segue o governo no esforço de obter receitas extras para tentar fechar as contas dentro de limites razoáveis. Nas recentes decisões tomadas, definiu-se a meta fiscal positiva em torno de R$ 2,8 bilhões, mas sob abatimento podendo chegar a negativo em 1,5% do PIB, diante de um cenário recessivo e arrecadação despencando.

Em complemento, caso Dilma continue, comentava-se sobre a possibilidade de taxação sobre ganhos de dividendos, elevação do IR para faixas de renda mais elevadas, mesmo para aqueles que sejam PJ, e o retorno da CPMF, se aprovada gerando um caixa próximo a R$ 10 bilhões para este ano. Tais medidas, no entanto, dificilmente devem ser votadas neste ano, dado o “maremoto político”.

Pelos dados mais recentes, em fevereiro o governo consolidado registrou déficit de R$ 23 bilhões, em 12 meses indo a R$ 125 bilhões, 2,1% do PIB, recorde para o período. A arrecadação, em termos reais, recuou 11% e as despesas avançaram 8%. Estimativas já indicam um déficit neste patamar ao fim deste ano, o que deve pressionar a dívida bruta, a algo próximo a 70% do PIB, passando de 75% em 2017.

Comentários finais. Tudo isto posto, o que se tem é que a retomada da economia, caso o atual governo se mantenha até 2018, se torna cada vez mais um sonho distante. Uma hipótese de virada, apenas com mudanças no Palácio do Planalto. Se não estaremos fadados ao desalento, à falta de perspectivas futuras, à paralisia econômica, às crises de governabilidade e aos impasses políticos permanentes. Estaremos cada vez mais parecidos com a “Venezuela Bolivariana” e mais distantes do mundo civilizado.

INDICADORES ECONÔMICOS: QUASE TUDO PIOROU DESDE 2010

INDICADORES ECONÔMICOS: QUASE TUDO PIOROU DESDE 2010

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.