Garanta 40% de desconto
🤯 Perficient disparou 53%. Nossa ProPicks de IA viu essa oportunidade em março Leia mais

Bancos Centrais e Inflação: Semana de Resoluções

Publicado 10.06.2022, 16:10
Atualizado 09.07.2023, 07:32
Em mais um capítulo do livro de reação das autoridades monetárias globais ao ciclo de elevada inflação que vivemos, deu-se a largada nesta semana à temporada de reunião de comitês de política monetária de junho. Em especial, o Banco Central Europeu (ECB, na sigla em inglês) indicou a primeira elevação de juros desde 2011 para a próxima reunião, enquanto as leituras de IPCA e IPC definiram o cenário para as reuniões do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve Fed na semana que vem. 
 
O Banco Central Europeu decidiu manter a taxa de juro das operações principais de refinanciamento em 0%, a taxa de juros da facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25% e da facilidade permanente de depósito em -0,50%. Em nossa visão, tanto o comunicado quanto a conferência de imprensa deram uma leitura mais hawk do que o esperado, especialmente ao sinalizar sua intenção de trajetória para as próximas duas reuniões. 
 
Na coletiva de imprensa, a presidente Christine Lagarde afirmou que as pressões inflacionárias se intensificaram e estão mais disseminadas pelos grupos. Em função disso, reforçou o tom mais duro adotado no comunicado, afirmando que o comitê assegurará que a inflação retorne à meta de 2% no médio prazo. Ainda assim, espera que a inflação se mantenha “indesejavelmente alta” por algum tempo. 
 
O índice de preços ao consumidor nos EUA teve leitura acima do esperado tanto no headline (1% vs. 0.7% esperado) como na leitura subjacente (0.6% vs. 0.5% esperado). Tanto o headline como a composição do índice são negativas para a trajetória da inflação. Vemos riscos diversos advindos da inflação subjacente (consequência de um mercado de trabalho aquecido) bem como da inflação não-subjacente (consequência de novas pressões em combustíveis e alimentação). 
 
A abertura mostra um cenário complicado para a convergência da inflação e reforça nossa percepção de ao menos mais três altas de 50 pontos-base (bps) nos EUA seguida de outras altas de 25bps em diante. 
 
 
Aqui no Brasil, o IPCA de maio variou 0,47%, abaixo da nossa expectativa (0,61%) e da mediana do mercado (0,60%). Pelas aberturas, os preços administrados ficaram acima do esperado (-0,51% vs. -0,63% exp.). Nos preços livres (0,83% vs. 1,07% exp.), a surpresa baixista ocorreu principalmente em alimentação no domicílio (0,43% vs. exp. 1,05%), mas também pode ser observada em industriais (1,05% vs. exp. 1,25%) e serviços (0,85% vs. exp. 0,95%). Os serviços intensivos em trabalho tiveram alta de 0,60% no mês, levando a medida em 12 meses a acelerar para 4,45%. Nas leituras subjacentes, os industriais mostraram alta de 1,31% (vs. 1,52% exp.) e os serviços subiram 0,75% (exp. 0,89%). 
 
A média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central seguiu bastante pressionado, atingindo 0,93% (vs. 0,95% em abril/2022). Em 12 meses, a medida acumula alta de 10,11%, maior valor desde novembro/2003. Adicionalmente, o índice de difusão ficou em 72,41% (vs. 78,25% em abril/22). 
 
Ainda que o headline tenha ficado abaixo da expectativa, destacamos que a composição do índice segue desfavorável, principalmente sob a ótica das medidas subjacentes. Por esses motivos, entendemos que o IPCA de maio corrobora a perspectiva de elevação de 50bps nas próximas duas reuniões. 
 
Os impactos do movimento generalizado de aperto monetário começam a aparecer mais amplamente em diversos pontos do mercado financeiro. Por exemplo, destaca-se forte aumento do spread entre a estrutura de juro futuro da Itália se comparada a Alemanha (tradicional medida de stress maior na Zona do Euro). 
 
Na economia real, a queda da confiança do consumidor dos EUA para o pior patamar da série histórica (iniciada em 1970) também é ilustrativo da dificuldade vivenciada pelas famílias em um ambiente de inflação elevada. Os indicadores fortes do mercado de trabalho, no entanto, devem sustentar o consumo e com isso dificultar a tarefa do FED, que terá de elevar os juros o suficiente para desacelerar a demanda agregada. 
 
Finalmente, o cenário brasileiro é dominado por notícias políticas. Enquanto a defasagem dos preços de combustível mostra riscos de nova rodada de reajuste de preços da Petrobras (SA:PETR4), as movimentações políticas indicam desejo do legislativo e do executivo de conter de alguma forma a inflação ao consumidor. Se as medidas anunciadas esta semana foram confirmadas, podemos ver um alívio de até 300 pontos base na nossa projeção de inflação para o ano. No entanto, parte disso será compensado por uma elevação da projeção no ano que vem. 
 
Ou seja, mantemos que o cenário à frente mostra riscos consideráveis, com a perspectiva de aperto monetário das economias centrais e também das economias emergentes não dando sinais de arrefecimento no curto prazo. Portanto, mantemos nossa projeção de mais duas altas da taxa SELIC até esta chegar a 13.75% em agosto. 
Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Últimos comentários

Pode criar dinheiro e dívida que não gera inflação. 👍
provavelmente os papéis que já caíram demais vão continuar
Ótimo artigo …. pessimas noticias
Essa conta virá pesada no ano que vem quando somados os reajustes…
Excelente artigo
ótimo artigo.. parabéns
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.