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Lyft Avança em seu IPO; sua Principal Métrica Justifica a Fama de "Unicórnio"?

Publicado 07.03.2019, 06:48
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Finalmente a temporada de IPOs de 2019 começou nos EUA, com o anúncio feito no final de fevereiro pela Lyft, empresa sediada em São Francisco que oferece serviços de motorista particular, de que pretende iniciar uma série de eventos no início de março para divulgar sua oferta inicial de ações.

A Lyft é uma das várias empresas privadas chamadas de "unicórnios", cuja abertura de capital tem sido amplamente aguardada pelos investidores. Entre as empresas que também podem abrir seu capital neste ano estão a Uber, a Airbnb e a Slack.

Depois dos atrasos provocados pelo fechamento parcial do governo dos EUA pelo presidente Donald Trump, a Lyft foi a primeira a tomar essa iniciativa. Embora ainda não se saiba a data oficial da sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a expectativa é que ela ocorra nas próximas semanas, possivelmente no fim de março. As ações da companhia provavelmente serão negociadas através do código LYFT.

Na última sexta-feira, foi divulgado o registro S-1 da Lyft, que é um formulário financeiro obrigatório para a realização de um IPO. Confira os números e os principais fundamentos que podem afetar tanto a oferta inicial quando o valuation futuro da companhia.

Valuation da Lyft

Antes, algumas palavras de advertência: os riscos de investir em qualquer oferta inicial de ações são maiores do que em um investimento similar em ações negociadas há um período considerável de tempo. Novos papéis negociados em bolsa tendem a ser mais voláteis e, devido aos poucos dados históricos disponíveis, é mais difícil prever a direção seguinte desses ativos.

Além disso, mesmo com as informações do S-1 da Lyft, muitos fatos ainda permanecem desconhecidos sobre a companhia. Teremos que aguardar seus resultados trimestrais para respondermos a essas questões.

No entanto, é possível agora compreender melhor muitos fundamentos da Lyft. A companhia, que concorre diretamente com a Uber, Gett e serviços tradicionais de táxi, opera uma plataforma que conecta motoristas autônomos e usuários que buscam transporte, por meio de um aplicativo. Assim como a Uber, a Lyft recolhe tarifas de serviço e comissões dos motoristas que usarem sua plataforma. Essas tarifas correspondem à fonte de receita total da Lyft neste momento.

As estimativas de valor de mercado da Lyft variam de 20 a 25 bilhões de dólares. Não será divulgado nenhum número exato a esse respeito até alguns dias antes do IPO, portanto, para esta publicação, assumiremos que o valuation da companhia estará na faixa dos US$ 22 bilhões.

Receita e lucro líquido

O S-1 oferece informações sobre as finanças da companhia nos últimos três anos. O crescimento de receita da Lyft tem sido substancial.

Em 2016, a companhia gerou US$ 343 milhões. Esse valor aumentou para US$ 1,05 bilhão em 2017 e depois dobrou para US$ 2,15 bilhões em 2018. Para um período de dois anos, trata-se de um impressionante crescimento de 500%.

Entretanto, como acontece com muitas empresas jovens impulsionadas pelo capital de risco, o lucro líquido não manteve o mesmo ritmo, nem foi um ponto de destaque até o momento. Em 2016 e 2017, a Lyft perdeu US$ 682 e US$ 688 milhões, respectivamente. As perdas foram ainda maiores em 2019: US$ 911 milhões. As razões indicadas para isso foram os custos de desenvolvimento da plataforma, além de um orçamento adicional para marketing, P&D e operações.

Vale destacar um ponto positivo: a relação das perdas com base na receita está diminuindo. Em 2016, as perdas foram duas vezes o tamanho da receita. Em 2018, as perdas corresponderam a apenas 42% da receita. Ainda assim, não acreditamos que a Lyft será lucrativa no curto prazo.

Mas Wall Street tem a má fama de se importar mais com o crescimento do que com os lucros. Dessa forma, a Lyft pode entrar no terreno da lucratividade se continuar seguindo essa impressionante tendência de crescimento.

Métrica-chave para o sucesso ou o fracasso

Quando o assunto é crescimento, não há uma métrica mais amada por Wall Street do que o aumento no número de usuários. Empresas que ainda não são lucrativas, como Netflix (NASDAQ:NFLX), Twitter (NYSE:TWTR) e mais notavelmente a Tesla (NASDAQ:TSLA), têm sido impulsionadas ou castigadas pelos investidores com base apenas nessa métrica. Ao mesmo tempo, os investidores quase não deram importância para suas receitas e lucros.

Acreditamos que a Lyft será julgada da mesma forma, ou seja, os investidores vão se concentrar principalmente em suas métricas de passageiros ativos. Um passageiro ativo é qualquer pessoa que use o serviço pelo menos uma vez durante o trimestre.

Lyft: Active Riders

Todos os gráficos são uma cortesia do registro S-1 da Lyft

Os dados sobre os passageiros ativos da Lyft estão em tendência de alta e cresceram a cada trimestre, partindo de 3,5 milhões no 1T2016 para 18,6 milhões no 4T2018. Na comparação ano a ano, o número de passageiros ativos cresceu 104% entre 2016 e 2017, e 57% entre 2017 e 2018. Obviamente, a Lyft precisará continuar crescendo rapidamente nessa métrica, a fim de justificar um valuation de US$ 22 bilhões, com US$ 2 bilhões de receita e quase US$ 1 bilhão em perdas.

Lyft: Revenue per Active Rider

Em seu favor, a Lyft se saiu bem ao monetizar com eficiência seus passageiros ativos. No 4T2018, a receita média da companhia por usuário foi de US$ 36,04, em comparação com US$ 27,34 no mesmo trimestre do ano anterior. Essa forte elevação foi possível principalmente graças aos aumentos das tarifas e à reorganização da estrutura de incentivo aos motoristas.

Mas o número de viagens feitas por passageiros ativos desacelerou consideravelmente. Entre o 4T2016 e 4T2017, o número de corridas por passageiro ativo acelerou de 7,96 corridas para 9,23, ou seja, +16%. Entretanto, no ano passado, essa métrica saiu de 9,23 para apenas 9,59, uma elevação de somente 4%.

Infelizmente, com base nas informações contidas no S-1 da Lyft, nem seus dados financeiros, nem seu crescimento justificam um valuation de US$ 22 bilhões. E ainda há mais pontos negativos.

Posicionamento de mercado

A Lyft não é líder de mercado. De acordo com alguns relatórios, a empresa possui 28% de participação no mercado norte-americano, enquanto a Uber tem uma participação de 70% aproximadamente. Sua receita no 3T2018, de US$ 563 milhões, parece insignificante em comparação com os US$ 3 bilhões registrados pela Uber no mesmo período.

Acreditamos que grande parte do crescimento da Lyft se deve aos escândalos de gestão da Uber, bem como a questões legais e de segurança. Além disso, como o S-1 da Uber ainda não foi divulgado, é difícil estabelecer uma comparação verdadeira. Assim que os registros da Uber forem concluídos, poderemos avaliar melhor qual das duas empresas apresenta melhores métricas e está mais bem posicionada para acertar um duro golpe no seu concorrente.

Resumo

Levando em consideração todos os fatores conhecidos – crescimento de receita, expansão de usuários e força competitiva – é difícil recomendar um investimento na Lyft com base no valor de mercado estimado. Mas os valuations antes dos IPOs são geralmente muito otimistas. E novas ações negociadas em bolsa tendem a progredir ou afundar nos dias seguintes à abertura de capital. Em um prazo maior, é possível que as ações da Lyft ofereçam um melhor ponto de entrada para investidores interessados.

Por essa razão, o primeiro balanço da companhia será crucial. Vamos reanalisar nossa recomendação assim que seus resultados forem divulgados.

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