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Mentiras Sinceras me Interessam (Raspas e Restos Também)

Publicado 16.04.2018, 11:18
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“Era uma vez
Um sábio chinês
Que um dia sonhou
Que era uma borboleta
Voando nos campos
Pousando nas flores
Vivendo assim
Um lindo sonho…

Até que um dia acordou
E pro resto da vida
Uma dúvida
Lhe acompanhou…

Se ele era
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou se era uma borboleta
Sonhando que era
Um sábio chinês…”


Raul Seixas – O conto do sábio chinês

Depois de uma longa caminhada sob um sol intenso, Chuang Tzu deitou-se ao lado de uma amoreira para desfrutar de sua sombra. Estava exausto e de imediato caiu em sono profundo.

Sonhou que era uma borboleta, voando livremente pelos campos que acabara de percorrer. Batendo as asas estimulado por grande felicidade, percebia cada detalhe dos lugares pelos quais passara há poucas horas sob sol escaldante.

De repente, acordou. Estava diante do maior problema filosófico de sua vida: “Quem sou eu? Sou um homem que sonhou que era uma borboleta? Ou sou uma borboleta sonhando que se transformou em um homem?”.

Chuang Tzu é um dos grandes mestres do Taoísmo, corrente de pensadores que viria a influenciar diretamente Mark Spitznagel, sócio de Nassim Taleb na Universa, para escrever “The Dao of Capital”. “Dao” aqui vem no sentido do caminho, da vida, do percurso adequado para se chegar a bons resultados – no caso, financeiros. Seu símbolo mais conhecido é o yin-yang, a representação da dualidade de tudo que existe no universo. Uma aparente desvantagem agora pode oferecer um enorme benefício lá na frente. Você compra um seguro hoje, pagando por isso (tendo uma desvantagem), em troca de uma potencial grande proteção no futuro. Essa é a essência filosófica do “tail hedging”, da estratégia sistematizada de se expor mais fortemente a ativos de risco ao mesmo tempo em que se compram proteções contra catástrofes potenciais.

Mas não vou falar disso hoje.

Quem é você? Uma borboleta sonhando que é um homem/uma mulher/qualquer outro gênero de sua vontade? Ou uma pessoa sonhando ser uma borboleta?

O que é a realidade ou a verdade? O que são as coisas e o que nós apenas achamos que são as coisas? Ou, ainda pior, em que medida o que nós achamos das coisas influencia no que as coisas são, de fato?

Essa última pergunta traduz a proposta de George Soros em sua teoria de reflexividade. A realidade influencia na formação das expectativas, que, por sua vez, influenciam na realidade, disparando um processo dialético sem-fim.

Sou grande admirador de Soros, mas a minha preocupação mais íntima é outra. Para atuar de forma bem-sucedida no mercado financeiro, você precisará em alguma medida ir contra “a verdade”.

Explico melhor.

“A verdade” está aqui empregada em referência àquilo que pensa o consenso, àquilo que está condensado na chamada fronteira do conhecimento, como se isso fosse a representação incontestável da realidade objetiva.

Se você não desafia o consenso, que se coloca sempre como um doutor soberano possuidor de infinita sabedoria, jamais poderá ter um desempenho acima da média – por definição, o consenso vai lhe pagar retornos medianos.

Então, ao menos por certo intervalo de tempo, você precisará atacar essa “verdade do consenso”, colocando-se como um herege. Terá de conviver com a loucura, como aquele que observa as coisas de uma forma diferente. A borboleta voadora em meio aos homens que nem sequer mais carregam a capacidade de sonhar. Andará pelas ruas tachado de demente, convivendo com olhares penetrantes que desdenham da sua posição heterodoxa, simplesmente porque vasculha mentiras escondidas na verdade imposta pela visão tradicional.

Em outras palavras, você precisa descobrir aquilo que é mentira hoje, mas que se tornará verdade amanhã. Enquanto essa revelação não chegar ao consenso, você estará desafiando a “verdade” atual, terá de resistir para não ser trancado em Engenho de Dentro.

É necessário conviver por um tempo com uma posição bastante incômoda, em que se aponta algo que só você está vendo. O bom investidor é uma espécie de Copérnico propondo a teoria heliocêntrica diante da Santa Inquisição. Enquanto todos acreditam que o Sol gira em torno da Terra, você é o esquizofrênico pregando exatamente o contrário.

Todas as grandes ideias, quando de sua concepção, são vistas como uma grande loucura ou um exagero. Depois de sua materialização, claro, tornam-se absolutamente óbvias. Todos poderiam tê-la concebido. Em retrospectiva, Copérnico só falou trivialidades.

Hoje, proponho dois rituais pagãos, já preparado para enfrentar a fogueira. Com o tempo, você vai se acostumando com as alucinações. Convive com elas como se fossem boas amigas.

O primeiro deles é que o mercado e também o Banco Central estão errados sobre a trajetória da Selic. Ambos projetam um novo corte de 0,25 ponto percentual no juro básico e, então, uma interrupção do afrouxamento monetário. Lá na frente, o próximo movimento seria uma alta.

Discordo fortemente dessa interpretação. O Copom pode até interromper o ciclo de reduções da taxa em sua próxima reunião. Mas, se o fizer, terá de voltar a cortar a Selic num futuro próximo.

Os indicadores divulgados na semana passada, tanto de vendas ao varejo quanto do segmento de serviços, mostram uma recuperação da economia muito mais comedida do que se supunha previamente. Em paralelo, a inflação vem sistematicamente surpreendendo para baixo. O BC erra uma estimativa após a outra e será forçado a levar a Selic para níveis inferiores ao que considera hoje.

Não me surpreenderia ver o juro básico brasileiro na casa de 5% ao ano. Ou seja, ainda há gordura nas taxas de mercado dos juros de curto prazo e você pode ganhar dinheiro com papéis prefixados com vencimento próximo. Raspas e restos me interessam.

Em Bolsa, quem poderia se beneficiar mais fortemente desse prognóstico para a política monetária?

Aqui entra a segunda heresia do dia.

Tradicionalmente, seriam apontados os setores de consumo e real estate. Penso diferente. Esses são setores mais associados a uma fase avançada do ciclo, ainda distante do momento atual.

Gosto de Rumo (RAIL3 (SA:RAIL3)). Isso porque não somente o juro de curto prazo deve cair mais, mas também a inclinação da curva precisa ser corrigida. Rumo é um duration longo em Bolsa e poderia se beneficiar fortemente dessa perspectiva.

Somente agora o mercado começa a fazer conta do que pode ser o Ebitda da companhia a partir de 2020, quando entra muita capacidade adicional. Se estivermos mesmo falando de 9 bilhões de reais de Ebitda em 2025, considerando um múltiplo de 10x EV/Ebitda, falaríamos de um valor de firma de 90 bilhões de reais. Para uma dívida líquida estimada em torno de 15 bilhões de reais, o valor de mercado teórico seria de 75 bilhões. Comparado aos atuais 21 bilhões de reais, teria que voar.

A borboleta já tem o próprio rumo. Encontre o seu.

Mercados brasileiros iniciam a segunda-feira próximos à estabilidade, ponderando exterior favorável e nova pesquisa eleitoral publicada no fim de semana, com candidatos de centro mostrando pouco vigor. Geraldo Alckmin, que seria supostamente o candidato competitivo mais pró-mercado, não deslancha e isso gera apreensão. Joaquim Barbosa, mesmo sem confirmar candidatura, apareceu com boa intenção de voto – sabe lá Deus o que pode vir daí.

Lá fora, o dia é mais positivo, com menor preocupação sobre a guerra na Síria, o que permite aos investidores voltarem às compras. Petróleo cai com abrandamento das tensões, pesando um pouco sobre mercados emergentes. Como indicadores nos EUA, temos referências de manufatura e vendas ao varejo.

Na agenda local, destaque para IBC-Br em alta de 0,09% em fevereiro, marginalmente acima das projeções, e relatório Focus, mostrando revisão para baixo nas estimativas para o PIB. Vencimento de opções e segunda prévia da carteira do Ibovespa podem mexer com segmento de renda variável.

Ibovespa Futuro caia 0,25%, dólar e juros futuros estavam perto da estabilidade.

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