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COLUNA-Brasil e seu setor de carnes, grandes vencedores do embargo russo aos EUA

Publicado 08.08.2014, 12:24
Atualizado 08.08.2014, 12:30
COLUNA-Brasil e seu setor de carnes, grandes vencedores do embargo russo aos EUA

(O autor é editor de Commodities & Energia do Serviço Brasileiro da Reuters. As opiniões expressas são do autor do texto)

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A tradição brasileira de exportar carne bovina aos russos, ainda que com alguns soluços de barreiras técnicas temporárias inexplicáveis nos últimos anos, casou perfeitamente com a necessidade de cobrir a demanda da Rússia gerada pelo embargo a produtos dos Estados Unidos e de seus parceiros ocidentais.

O embargo russo foi anunciado coincidentemente num momento de intensas negociações entre os governos do Brasil e da Rússia no setor de carnes, e apenas três semanas após visita do presidente russo, Vladimir Putin, à Brasília.

Ainda que ninguém decente goste de tirar vantagens dos problemas de outros, sobretudo de problemas resultantes de um conflito geopolítico, o fato é que a crise na Ucrânia, que pôs em lados opostos o Ocidente e a Rússia, fez cair no colo do Brasil, líder na exportação de carnes bovina e de frango, uma demanda adicional dos consumidores russos, grandes importadores.

O número de unidades de carnes bovina, suína e de aves do Brasil habilitadas a exportar aos russos mais do que triplicou de um dia para o outro, para 139 plantas, na mesma data em que a Rússia anunciava o embargo, por pelo menos um ano, a produtos dos EUA, da União Europeia e de alguns outros, em retaliação a sanções aplicadas pelos norte-americanos e seus parceiros à Rússia.

Muitas das unidades habilitadas são de grupos brasileiros líderes globais, como a JBS (SA:JBSS3) e a BRF (SA:BRFS3), além de outras companhias nacionais com importância na exportação de carne bovina, como Minerva (SA:BEEF3), segunda no ranking de vendas externas.

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O caso da JBS, maior produtora global de carnes, é peculiar, já que grande parte de sua receita vem justamente dos negócios nos EUA, o que gera dúvidas sobre seus eventuais ganhos gerados pelo embargo russo.

Tais temores sobre perdas da JBS com tal banimento temporário são injustificáveis, no entanto, e a empresa comandada pela família Batista deverá mesmo sair vencedora de tal retaliação comercial.

Isso porque as exportações da unidade JBS USA para a Rússia representam parcela ínfima do total exportado pela companhia.

Em 2013, as exportações totais consolidadas do grupo JBS somaram 11,76 bilhões de dólares, e a Rússia respondeu por uma fatia de 5,7 por cento disso, segundo balanço da empresa.

A maior parte das exportações da JBS, que tendem a crescer com o embargo russo aos EUA, tem origem nos países do Mercosul, especialmente Brasil, mas incluindo também Paraguai e Uruguai.

A companhia não detalha a origem de suas vendas nas divulgações, apenas os principais destinos, e não se manifestou sobre o assunto nesta quinta-feira por estar em período de silêncio antes da divulgação de resultado trimestral. A Reuters apurou que as exportações da JBS USA para a Rússia representam menos de 2 por cento das vendas externas totais do grupo.

A Rússia praticamente já não compra carnes bovina e suína dos EUA, em função de um embargo técnico decorrente do uso do aditivo ractopamina pelo rebanho norte-americano, o que já beneficia o Brasil há algum tempo. Os brasileiros hoje exportam carne para os russos livre desse estimulante de crescimento.

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Em frango, os russos têm compras importantes nos EUA, que agora poderão vir diretamente para a indústria do Brasil, maior exportador global desse tipo de carne. E a JBS, após uma série de aquisições nos últimos anos no Brasil, está bem posicionada para tal situação.

Com as recentes compras de três plantas instaladas no Brasil da norte-americana Tyson Foods, a JBS deve elevar para 5 milhões de aves a capacidade de abate diário, contra 7 milhões da BRF, líder global na exportação de carne de frango e outra grande vencedora dessa disputa entre a Rússia e o Ocidente.

Associações do setor não traçaram perspectivas exatas para o aumento das exportações do Brasil para suprir a demanda adicional da Rússia, mas dizem ter capacidade de atender o que os russos desejarem, com exceção do setor de carne suína, com oferta apertada de animais e cujo ciclo de criação é mais longo que o de aves, por exemplo.

* Esta coluna foi publicada no terminal financeiro Eikon, da Thomson Reuters, na quinta-feria, 7 de agosto.

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