O Ibovespa arriscou um movimento um pouco mais forte nesta quarta-feira, 27, no penúltimo pregão de março, e encerrou o dia com alta de 0,65%, aos 127.690,62 pontos. Apesar da liquidez novamente reduzida, os ganhos de papéis de grandes bancos puxaram o índice, ainda embalados pela expectativa de juros mais altos este ano. Vale e Petrobras (BVMF:PETR4) aproveitaram o alívio do noticiário político e também subiram, ignorando as quedas do minério de ferro e do petróleo.
Assim, o índice caiu durante parte da manhã - até a mínima, de 126.222,95 pontos (-0,50%) -, mas engatou alta firme à tarde, quando subiu até a máxima de 127.699,28 pontos (+0,66%). Seguindo o tom das sessões anteriores, o giro financeiro ficou reduzido, em R$ 20,1 bilhões, refletindo a cautela antes do feriado da Sexta-feira Santa.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que a perspectiva de menos cortes na taxa Selic este ano, fortalecida pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da terça-feira, continuou sustentando hoje os papéis do setor financeiro. Eles estiveram entre as maiores influências de alta sobre o Ibovespa, com destaque para Bradesco (BVMF:BBDC4) (PN +1,56%, ON +1,43%) e Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) (PN +0,55%).
"O setor financeiro ficou esquecido desde o início do ciclo de queda, mas agora os bancos e as seguradoras voltam a ser interessantes, com a perspectiva de que os juros fiquem mais altos", diz Cruz.
No campo das commodities, Vale ON (BVMF:VALE3) subiu 0,92% e Petrobras ganhou entre 0,80% (PN) e 1,22% (ON), ajudando a garantir a recuperação do Ibovespa. Em ambos os casos, os resultados contrariaram as quedas dos preços do minério de ferro (-3,53%) e do petróleo (-0,26%, no caso do Brent). Segundo Cruz, as empresas aproveitam o silêncio no front político para recuperar parte das perdas do mês.
O sócio da One Investimentos Bernard Faust diz que um movimento de defesa de preços explica o desempenho de Vale ON e Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN, cujas ações fecharam o dia em R$ 60,60 e entre R$ 36,55 e R$ 37,36. Nesses preços, os papéis tornam-se atrativos o bastante para impedir uma desvalorização adicional mais forte, ele diz.
O destaque negativo do dia foi Eletrobras (BVMF:ELET3) (ON -1,32%, PNB -0,32%), prejudicada por declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que voltou a dizer que o governo vai publicar uma Medida Provisória para securitizar os recursos devidos pela empresa à conta de desenvolvimento energético (CNE).
No fim do dia, 63 dos 86 papéis da carteira teórica do Ibovespa tinham avançado. As maiores altas nominais ficaram com Lojas Renner (BVMF:LREN3) ON (+5,42%), Raízen (BVMF:RAIZ4) PN (+5,23%), Casas Bahia ON (+4,67%) e Braskem (BVMF:BRKM5) ON (+4,54%). As principais quedas foram de CVC ON (BVMF:CVCB3) (-6,48%), Petz (BVMF:PETZ3) ON (-4,89%), Vamos ON (BVMF:VAMO3) (-4,40%) e Marfrig (BVMF:MRFG3) ON (-2,45%).