Por Jack Queen e Luc Cohen e Andy Sullivan
NOVA YORK (Reuters) - A estrela pornô Stormy Daniels enfrentará pergunta duras dos advogados de Donald Trump nesta quinta-feira, uma vez que eles tentam desmantelar a credibilidade de uma mulher cujo relato de um encontro sexual em 2006 acabou levando ao primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos.
O relato de Daniels sobre Trump capturou a atenção dos jurados na terça-feira e serviu para lembrar os eleitores norte-americanos dos aspectos mais obscuros de seu período na Presidência, enquanto ele faz campanha para reconquistar a Casa Branca neste ano.
Mas a equipe de defesa de Trump conseguiu abrir algumas brechas em seu depoimento.
Sob interrogatório, Daniels admitiu que nem sempre disse a verdade sobre o encontro e reconheceu que se recusou a pagar a Trump um valor de mais de 500.000 dólares decorrente de um processo de difamação fracassado.
Daniels também não forneceu uma explicação clara sobre por que deixou Trump comprar seu silêncio depois que ela decidiu tornar público seu relato. Ela admitiu que odeia Trump e deseja vê-lo preso se for considerado culpado.
A advogada de Trump, Susan Necheles, acusou Daniels de tentar lucrar com o encontro e de inventar partes de sua história. Daniels reconheceu que, ao longo dos anos, ela disse a alguns veículos de imprensa que teve relações sexuais com Trump e disse a outros que não teve.
Trump é acusado de falsificar registros comerciais para encobrir um pagamento de 130.000 dólares a Daniels para que ela ficasse calada durante sua candidatura presidencial de 2016. Ele se declarou inocente e nega ter tido relações sexuais com Daniels.
Os promotores afirmam que os esforços de Trump para encobrir o pagamento corromperam a eleição de 2016, impedindo que os eleitores tomassem conhecimento de uma história que poderia ter influenciado seu voto.
De certa forma, o depoimento de Daniels é periférico ao caso e pode não ter muita importância para os eleitores que já ouviram outras histórias sobre o suposto mau comportamento sexual de Trump.
Os advogados de Trump argumentaram isso na terça-feira, quando pediram, sem sucesso, a anulação do julgamento, dizendo que ela havia "inflamado" o júri com detalhes desnecessários, como a alegação de que Trump não usou preservativo.
O depoimento de Daniels claramente frustrou Trump, que em um determinado momento pareceu chamá-lo de "besteira", o que gerou uma advertência sobre intimidação de testemunhas por parte do juiz Juan Merchan.
Merchan já multou Trump em 10.000 dólares por ter falado publicamente sobre jurados e testemunhas do julgamento e advertiu que outras violações de uma ordem de silêncio que está em vigor podem levar à sua prisão.
O caso é amplamente visto como o menos consequente dos quatro processos criminais que Trump enfrenta. Mas as chances de os outros três irem a julgamento antes da eleição de 5 de novembro estão cada vez mais distantes.