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A Prioridade Não é o Brasil, é a Reeleição.

Publicado 16.05.2013, 04:57
DIDA
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Estive presente no terceiro Clube da Soja, evento da FMC com o apoio da Aprosoja Brasil que reuniu mais de 200 produtores. Produtores estes que representam 20% da área de soja e milho do Brasil. A importância do evento aumenta a cada ano, à medida que a representatividade aumenta e também por refletir os principais temas relacionados ao desenvolvimento sustentável da soja no Brasil.

Um dos temas mais importantes abordados, e não poderia ser diferente, foi à logística. O professor Raul Velloso colocou muito bem as dificuldades enfrentadas no Brasil, agravadas pela falta de priorização do governo neste tema. Prova disso, é que o país tem investido apenas 1,7% do PIB em infraestrutura, e leia-se aqui tudo, saneamento, estradas, etc., enquanto a China investe 8%. Mas a diferença é ainda maior se comparamos em termos de valor do PIB (soma de todas as riquezas produzidas pelo país), a China tem um PIB de 8,22 trilhões de dólares e o Brasil 2,39 trilhões de dólares.

Por aí vemos o que é o planejamento de longo prazo. Mesmo a Índia com um PIB menor que o brasileiro e com problemas mais crônicos, têm investido muito em infraestrutura. Similar a isso, é o investimento em educação, cujo efeito é ao longo do tempo. A Índia com um PIB de 1,82 trilhões de dólares investe 7,6% em infraestrutura, ou seja, 138 bilhões, enquanto o Brasil investe 40 bilhões. Nesse quesito, perdemos até para o México que é a 14° economia do mundo e investe 42 bilhões em infraestrutura.

Como bem levantado durante o Clube da Soja, tudo passa pelo processo eleitoral. O Brasil é um país que vive a priorização eleitoral ao invés da estrutural, onde o governo tem todo seu foco no trabalhador, em aumentar sua remuneração a todo custo, afinal isso dá voto! E hoje, temos um dos maiores custos unitários de trabalho do mundo, tendo dobrado nos últimos 10 anos. Mas, o problema do Brasil é que temos um alto custo do trabalho, e com um dos piores índices de produtividade do trabalho.

Daí fica a pergunta: como o governo vai fazer para conciliar o crescimento da indústria que precisa de produtividade, rendimento, investimentos em infraestrutura, redução de tributos e o seu pesado foco na população de massa, com seus programas sociais e pesados benefícios aos trabalhadores? Veja o que causou a Lei dos caminhoneiros. Como foi colocado durante o evento, o governo deve buscar o equilíbrio entre crescimento do País e a remuneração progressiva de seus trabalhadores e não apenas bônus eleitoral com a espoliação do setor produtivo.

Outro tema muito discutido foi à sustentabilidade ambiental. E foi unânime a importância da conciliação equilibrada da produção e da preservação, mas como sempre o tema gerou discussões calorosas. E embora tenham sido discutidas propostas como a remuneração por serviços ambientais, ficou claro que a maioria das leis ambientais são apenas de comando e controle e quase nenhuma de estímulo à preservação e muito menos de remuneração.

Por isso, a discussão se voltou para a necessidade de transparência e consolidação de uma vez por todas das leis ambientais. É preciso dar segurança jurídica a todos os setores na questão ambiental, seja às ONGs ou aos produtores. Essa insegurança tem criado diversos problemas ao desenvolvimento do Brasil, com sérios problemas de licenças ambientais que não são concedidas e têm sido uma trava as obras de infraestrutura e desenvolvimento. É imprescindível que seja priorizado e dado agilidade as liberações das licenças ambientais, caso contrário, o Brasil entra num beco sem saída.

Mas é claro que, para os produtores presentes, um tema muito aguardado foi o das perspectivas para a próxima safra e, infelizmente, neste momento ela não é das mais positivas. Com relação ao milho iremos passar pela crise da abundância, em que pela capacidade dos produtores produzirem e a morosidades dos investimentos em infraestrutura farão os preços despencarem, afinal o Brasil tem uma capacidade limitada de exportação em torno de oito milhões de toneladas mês, se tudo der certo.

Se nada mudar no cenário da soja, teremos preços mais baixos para a próxima safra, e isto requer cautela, principalmente porque os custos de produção estão navegando na onda dos preços altos. A rentabilidade média em MT, por exemplo, deve cair de 743 reais para 358 reais, considerando soja e milho sem arrendamento, segundo dados da Agroconsult. Ou seja, para quem paga arrendamento de 10 sacas, a rentabilidade é zero, por isso convém muita atenção nesta próxima safra.

As dificuldades apresentadas aos produtores são as mesmas de 20 ou 30 anos atrás e carece do mesmo problema, a falta de comunicação e união do setor produtivo. Temos por natureza correr atrás do prejuízo e ficar sentados esperando o benefício, como muito bem dito pelo palestrante Nando Parrado, um dos sobreviventes do acidente de avião nos Andes que virou livro e filme. Por isso, neste momento precisamos fazer uma escolha: viver ou ficar esperando a morte chegar. Ou nos organizamos em uma frente de atuação e com comunicação eficiente ou morreremos sem ver nenhuma mudança nesta conjuntura que está aí.

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