Introdução
• Bom dia a todos. • É uma satisfação estar aqui fazendo parte deste Lançamento do Reconhecimento Inovação com Propósito. o Esta ação vem se somar aos importantes esforços que estão sendo realizados para o crescimento do cooperativismo de crédito no Brasil. • Desde já, gostaria de parabenizar a Fenasbac por mais esta iniciativa, que reúne neste evento diversas entidades representativas do setor. • Ao pensar sobre o tema da inovação no cooperativismo, é interessante lembrar o fato de que a inovação está na própria origem desse movimento. o Em 1844, na Inglaterra (Rochdale), um conjunto de 28 operários criou a primeira cooperativa nos moldes modernos. o A criação da cooperativa representava um modelo de negócios diferente de tudo o que existia, como resposta à crise vivenciada naquele momento pós Revolução Industrial. o Passados mais de 170 anos, é notável observar o quanto a prática dos valores do cooperativismo é ainda um importante propulsor da inovação nessas organizações. • Os princípios da adesão voluntária e livre, da gestão democrática, participação econômica, da autonomia e independência, da educação, formação e informação, da intercooperação e do interesse pela comunidade foram inovadores e continuam completamente conectados com os tempos que vivemos. o Todos esses princípios estão interrelacionados e contribuem de maneira relevante para a consciência do propósito, para a união e para a cooperação, fatores que se constituem na base para o desenvolvimento de projetos de inovação. Agenda BC# • Sabemos da importância do ambiente de negócios e regulatório para que estes projetos apresentem seus melhores resultados e, do ponto de vista do regulador, gostaria de destacar as ações da nossa agenda institucional, a Agenda BC#. • A Agenda BC# vem como resposta às transformações tecnológicas e à evolução nas demandas da sociedade em busca de um sistema financeiro ágil, competitivo, seguro, inclusivo e sustentável.
• A agenda está estruturada em cinco dimensões: Inclusão, Competitividade, Transparência, Educação e Sustentabilidade. o A dimensão Inclusão contempla iniciativas para facilitar o acesso de todos ao mercado: pequenos e grandes, investidores e tomadores de empréstimos, brasileiros e estrangeiros. ▪ Tendo a inclusão no sistema financeiro como premissa, estão sendo desenvolvidos os temas microcrédito, cooperativismo, conversibilidade e mercado de capitais. o A dimensão Competitividade diz respeito à adequada precificação por meio de instrumentos de acesso competitivo aos mercados. o As iniciativas no âmbito da dimensão Transparência visam melhorar a clareza no processo de formação de preços e nas informações de mercado e do Banco Central do Brasil (BCB). ▪ Elas buscam dar oportunidade à população em geral, e não apenas a quem entende de mercado financeiro, de compreender o que os agentes financeiros e a autoridade monetária fazem de fato. ▪ Nessa dimensão, o BCB trabalha assuntos como o crédito rural, o crédito imobiliário, o relacionamento com o Congresso Nacional brasileiro, e o relacionamento com investidores internacionais. o A dimensão Educação objetiva promover a conscientização do cidadão para que todos participem do mercado de forma criteriosa e cultivem o hábito de poupar. ▪ Agentes de mercado e governamentais, cooperativas e agentes do microcrédito também estão envolvidos nesse esforço. o Por fim, temos a dimensão Sustentabilidade, que trata da promoção de finanças sustentáveis, do gerenciamento adequado dos riscos socioambientais e climáticos na economia e no Sistema Financeiro Nacional (SFN), além de integrar variáveis sustentáveis no processo de tomada de decisões do próprio BCB. • Essas dimensões estão sendo trabalhadas por meio de ações junto a órgãos de governo, à sociedade, e também por projetos de leis e alterações normativas, tendo sempre em vista, com relação ao SFN, os objetivos de democratizar, digitalizar, desburocratizar e desmonetizar.
• Dado o seu caráter estratégico e estrutural, essa agenda permaneceu em execução a pleno vapor ao longo de 2020 e 2021, paralelamente ao incessante e bem-sucedido trabalho do BCB no que se refere à gestão da crise da Covid-19. • Como exemplo, gostaria de citar algumas das iniciativas implementadas nestes dois últimos anos: o Pix, o Open Finance e o Sandbox Regulatório, todas altamente inovadoras, com impacto relevante no ambiente de negócios de todas as instituições financeiras. o O Pix, que todos vocês já conhecem, é o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, implementado em novembro de 2020. ▪ Informações compiladas pelo BC mostram que já existem cerca de 254,3 milhões de chaves Pix cadastradas, sendo 87,8 milhões de usuários pessoas físicas e 5,8 milhões de empresas. ▪ Desde o seu lançamento, aproximadamente 73 milhões de brasileiros usaram o Pix, seja para pagar ou receber. Ou seja, cerca de 46% da população adulta do Brasil já usou o Pix em algum momento. ▪ Nos últimos meses, a quantidade de Pix superou a quantidade de TEDs, DOCs, cheques e boletos somados em número de operações. ▪ O Banco Central segue atuando na sua contínua evolução. • Nessa linha, está prevista a introdução de diversas novas funcionalidades, como o Pix Saque e o Pix Troco, que serão ofertados ao público no segundo semestre desse ano. o Já o Open Finance veio para permitir o compartilhamento padronizado de dados e serviços pelas instituições reguladas por meio da abertura e da integração de seus sistemas. ▪ Ele parte do pressuposto que o consumidor é titular de seus dados cadastrais e financeiros e que pode transferir essas informações que lhe pertencem para outra instituição, a qualquer momento, em busca de produtos melhores ou de serviços a preços mais baixos. • Com isso, ele recoloca o consumidor no controle da gestão de seus dados e de seus recursos financeiros. ▪ O Open Finance é uma medida que não só melhora e estimula o ambiente de competição no sistema financeiro, mas também traz ganhos para a sociedade sob o ponto de vista de maior transparência e inclusão financeira além de educação financeira, auxiliando o planejamento das famílias e das empresas. ▪ Sua implementação está sendo realizada de forma gradual, em fases que foram iniciadas em fevereiro de 2021. ▪ Até dezembro de 2021, o Open Finance englobará um conjunto amplo de produtos e serviços, como seguros, investimentos e previdência complementar. o Por fim, o Sandbox Regulatório é um ambiente em que entidades são autorizadas pelo BCB a testar, por período determinado, projetos inovadores na área financeira ou de pagamento, observando um conjunto específico de disposições regulamentares que amparam a realização controlada e delimitada de suas atividades.
Cooperativismo
• O BCB tem feito importantes esforços com o objetivo de impulsionar o crescimento do crédito cooperativo, o que está materializado na Agenda BC#. o As ações relacionadas ao cooperativismo nesta agenda têm como objetivo principal a expansão do setor, melhorando a organização sistêmica e a eficiência do segmento, promovendo atividades e negócios e aprimorando a gestão e a governança das cooperativas de crédito. o Apesar de o cooperativismo estar formalmente localizado na dimensão “Inclusão” da Agenda BC#, ele perpassa praticamente todas as outras dimensões, em especial, “Competitividade” e “Educação”, tendo um papel muito relevante no desenvolvimento regional e na consolidação do que esperamos para o sistema financeiro do futuro. • As cooperativas se destacam por aumentarem a capilaridade da rede de atendimento do sistema financeiro, facilitando a inclusão financeira. o Elas costumam ter uma atuação voltada para determinadas regiões geográficas, reforçando a disponibilidade de serviços financeiros em locais em que entidades tradicionais podem não estar presentes, principalmente tendo em vista a tendência de redução das agências físicas por parte dos bancos. o Essa característica das cooperativas é particularmente importante para o Brasil, tendo em vista suas dimensões continentais.
▪ Para se ter uma ideia, a quantidade de municípios brasileiros onde a cooperativa de crédito é a única alternativa para obtenção de serviços financeiros na própria localidade era 184 em dezembro de 2018, passou para 202 em dezembro de 2019, e fechou 2020 em 231 municípios. o Por não ter o lucro como finalidade precípua de suas atividades, as cooperativas podem oferecer produtos financeiros a preços mais competitivos. • Há também o fator da organização dessas instituições em centrais e confederações, que lhes proporciona ganhos de escala e redução de custos, o que também contribui para a competitividade do setor. o Esta promoção da concorrência no sistema financeiro leva à redução da taxa de juros, à expansão da oferta de crédito e à eficiência do SFN em seu conjunto, especialmente nos mercados e regiões em que atuam de forma mais preponderante. • Já o seu papel na educação financeira também é relevante, seja pela proximidade com o cooperado, seja pelo fato de que os associados podem (e devem) participar da gestão e da governança da cooperativa, o que contribui para a formação de consciência financeira nestes indivíduos. • Ao longo dos últimos anos implementamos importantes ações relacionadas ao cooperativismo, mas temos uma enorme expectativa em relação à entrega mais relevante para o segmento, que é a modernização do marco legal das cooperativas de crédito no Brasil, em tramitação no Congresso. • Somado aos esforços empreendidos pelas entidades do segmento e pelo BCB, iniciativas como o Reconhecimento “Inovação com Propósito” me dão confiança que estamos no caminho certo, em direção a um futuro tecnológico, sustentável e inclusivo, em que a participação coletiva em um ambiente competitivo libere recursos para as atividades mais produtivas, gerando riqueza para todos. o E não há como seguirmos neste caminho sem investimentos importantes em inovação. • Obrigado pela atenção.
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