BERLIM (Reuters) - Autoridades alemãs alertaram nesta quinta-feira que a crise do coronavírus está longe do fim, apesar de o país estar reativando sua economia lentamente e tentando voltar à normalidade.
A Alemanha relatou mais de 166 mil infecções e mais de 7 mil mortes, mas a nação mais populosa da União Europeia está se saindo melhor do que alguns de seus pares devido aos exames precoces e às medidas de distanciamento.
"Não estamos vivendo o pós-pandemia agora... na verdade estamos vivendo no meio da pandemia, uma que estará conosco por algum tempo – ao menos este ano, e isso sendo muito otimista", disse Helge Braun, chefe de gabinete da chanceler, Angela Merkel, à rádio Deutschlandfunk nesta quinta-feira.
O Instituto Robert Koch (RKI), autoridade de saúde que tem um papel central no combate à doença, disse que é preciso ficar particularmente atento no outono, apontando indícios de que o vírus pode ter um padrão sazonal ligeiro e provocar mais casos nos meses de inverno.
Mas o vice-presidente do RKI, Lars Schaade, disse: "É claro que é possível o número de casos subir de novo antecipadamente e termos uma segunda onda – é quando o comportamento humano volta a relaxar, de forma que ocorre um número mais alto de transmissões".
Apesar de se ter registrado o maior número de infecções novas desde a sexta-feira passada, a tendência de casos novos em declínio se mantém, disse Schaade nesta quinta-feira.
Merkel anunciou medidas para relaxar o isolamento e lançou um mecanismo de "freio de emergência" que permitiria reativar as restrições caso as infecções voltassem a subir.
Schaade disse que tentar reabrir a sociedade é algo certo, mas alertou que a pandemia provavelmente durará muitos meses mais. "Todas as medidas trazem um certo risco".
A Alemanha entrou em isolamento em março para deter a disseminação do vírus, identificado pela primeira vez no final do ano passado na cidade chinesa de Wuhan.
A taxa de reprodução está caindo há vários dias e hoje é de menos de 1 – o que significa que alguém com o vírus infecta em média menos de uma pessoa.
O governo acredita que a economia encolherá 6,3% neste ano, apesar de um pacote de estímulo de 750 bilhões de euros e um programa de subsídios de trabalho de curto prazo que permite aos empregadores reduzirem a carga horária, no lugar de demitir funcionários.
A produção industrial despencou 9,2% em março, sua queda mais rápida desde que os registros atuais tiveram início em 1991.
(Por Thomas Seythal; reportagem adicional de Michelle Martin e Scot W. Stevenson)