Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Um dia depois de ter sido enquadrado em 10 crimes no relatório da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro partiu para o ataque contra o senador Renan Calheiros, relator da comissão.
"Não chamem Renan Calheiros de vagabundo, vagabundo é elogio para ele", disse Bolsonaro quando a assistência do evento em Sergipe começou a xingar o senador.
"Por que eu sou atacado 24 horas por dia? Onde eu errei?
Relatório da CPI comandado por Renan Calheiros?", dizia Bolsonaro quando a platéia reagiu.
O relatório enquadra o presidente em 10 crimes, inclusive acusações de crimes contra a humanidade, charlatanismo --por defender o uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19-- contra a saúde pública, epidemia seguida de morte e prevaricação, por ter sido informado sobre o risco de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin e não ter pedido investigação.
"Não há maracutaia em Brasília que não esteja o nome de Renan Calheiros envolvido", atacou.
Bolsonaro lembrou ainda que Renan disputou a presidência do Senado em 2019 e perdeu para Davi Alcolumbre (DEM-AP), e afirmou que o país estaria "uma desgraça" com o senador à frente da Casa.
Depois de dias de conflito com Alcolumbre, Bolsonaro aproveitou a deixa para elogiar o senador, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o responsável por segurar até agora a indicação de André Mendonça para a vaga no Supremo Tribunal Federal.
"Não tive problemas com Davi Alcolumbre e agradeço os dois anos que esteve à frente do Senado", disse.
Mesmo sendo indiciado pela CPI, Bolsonaro manteve o mesmo discurso sobre a Covid. Em seu discurso, voltou a defender o uso de medicamentos ineficazes e criticou a exigência de passaporte vacinal que alguns Estados estão implantando.
"Por que essa perseguição (à cloroquina)? Por que não dar chance ao médico na ponta da linha? Eu tomei hidroxicloroquina, no dia seguinte estava bom. Será por que é barato? Será que fosse outro de 3, 4, 5, 10 mil reais a caixa teria problema?", afirmou, depois de perguntar quem na platéia tinha tomado o medicamento, que comprovadamente não tem efeito contra a Covid-19.