Por Miguel Lo Bianco
BUENOS AIRES (Reuters) - Médicos e autoridades de saúde da Argentina estão prevendo que os casos de coronavírus atingirão um pico nas próximas semanas agora que o inverno chega ao hemisfério sul, o que pressionará unidades de tratamento intensivo no momento em que os casos confirmados passam de 50 mil.
A nação sul-americana, que a princípio se saiu melhor do que muitos de seus vizinhos controlando o vírus com um isolamento rigoroso, viu os casos quintuplicarem desde meados de maio --só na quinta-feira foram mais de 2.600. O número de mortos está em cerca de 1.150.
O governo amenizou algumas restrições, mas manteve o isolamento na cidade e na província de Buenos Aires. Uma nova fase da quarentena deve ser anunciada nesta sexta-feira, já que as autoridades querem endurecer o controle da circulação.
"Estimamos que o número de pessoas infectadas continuará a aumentar nos próximos 20 dias, mais ou menos", disse Juan Ciruzzi, diretor-executivo do hospital Eurnekian de Buenos Aires, acrescentando que isso se deve em parte ao relaxamento das regras de quarentena.
"As pessoas estão circulando mais, e não temos as ferramentas para combater isso."
As infecções aumentaram particularmente no bairros mais pobres de Buenos Aires e nos subúrbios da capital, levando as autoridades a aumentarem os exames para ajudar a conter a proliferação.
O governo argentino está tentando revitalizar a economia duramente atingida, permitindo que mais negócios abram, mas parques, escolas e escritórios da capital continuam fechados e a maioria dos trabalhadores não essenciais continua confinada em casa.
Alejandro Andrés Revollini, diretor-associado do Eurnekian, disse que o número de casos só começará a cair de verdade a partir de setembro e que o "pico máximo" acontecerá em meados de julho.
"As pessoas entendem que teremos que conviver com o vírus e que muitos de nós o pegaremos", disse.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES