BRUXELAS (Reuters) - Pessoas com menos de 35 anos ficaram mais tristes e solitárias do que os adultos em decorrência da quarentena pela Covid-19, constatou uma pesquisa europeia, concluindo que a tensão de se separar de amigos e familiares estava afetando mais os jovens.
O relatório, realizado pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e Trabalho a partir de uma pesquisa on-line com 85 mil pessoas no continente, constatou uma acentuada deterioração na qualidade de vida entre todas as idades.
Com a maioria dos europeus confinados em suas casas devido ao surto do novo coronavírus, 16% disseram estar solitários "o tempo todo ou a maioria das vezes" nas últimas duas semanas, contra apenas 6% que se descreveram solitários em pesquisas anteriores à crise.
O relatório da fundação observou que o efeito foi muito mais acentuado entre os menores de 35 anos, 20% dos quais agora disseram estar solitários, contra apenas 4% em tempos normais.
"Isso provavelmente implica que os jovens sentem que foram mais afetados pelas restrições do que outras faixas etárias, com eventos sociais sendo cancelados e sua incapacidade de encontrar amigos e familiares fora de casa", explicou a Eurofound.
Os jovens adultos também relataram níveis mais baixos de felicidade e satisfação em geral, além de graus reduzidos de saúde mental em relação aos mais velhos, embora os jovens tenham maior propensão a serem otimistas sobre o futuro.
O relatório encontrou diferenças entre os países, o que pode refletir por quanto tempo as pessoas estão confinadas ou o quão grave a crise tem sido. Gregos e búlgaros relataram o menor nível de satisfação com a vida. A solidão foi mais comum entre os franceses.
Apenas 46% dos cidadãos estavam otimistas em relação ao seu próprio futuro, uma queda de 18 pontos percentuais em relação à Pesquisa Europeia de Qualidade de Vida de 2016. O otimismo ficou abaixo da média nos países mais atingidos pelo vírus, incluindo França, Itália, Bélgica e Espanha.
Um quarto dos entrevistados disse que havia perdido o emprego temporária ou permanentemente, sendo jovens os mais afetados. Metade alegou ter passado por uma redução no seu horário de trabalho.
Quase 40% descreveram sua situação financeira como pior do que antes da pandemia, cerca da metade indicou que suas famílias não conseguiam sobreviver e mais da metade relatou que não seria capaz de manter seu padrão de vida sem renda.
(Por John Chalmers)