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WIDER IMAGE-Com avanço da Covid-19 pelo Rio Amazonas, serviços de saúde fazem o que podem

Publicado 25.06.2020, 16:44
© Reuters. Equipes de saúde conversam com mulher na ilha do Marajó

Por Ueslei Marcelino e Leonardo Benassatto

PORTEL, Pará (Reuters) - Após dias com falta de ar, Andrelina Bizerra da Silva, de 49 anos, desmaiou repentinamente.

Sua família, produtores de açaí em um afluente do rio Amazonas, colocou-a em um pequeno barco com motor de popa e correu pelo sinuoso rio Acuti Pereira até a clínica de saúde mais próxima em Portel, uma pequena cidade do Pará.

Sem testes para confirmar se ela tinha Covid-19 ou instalações suficientes para tratá-la, funcionários do posto os encaminharam rio abaixo para o maior hospital próximo, na cidade de Breves.

Seis horas se passaram até eles chegarem a Breves.

Adrelina já estava morta.

"A gente tem um sentimento enorme de negatividade dentro da gente", disse o sobrinho Felipe Costa Silva, depois de fazer a viagem de volta com o caixão no mesmo barco. "Até quando vai acontecer isso? Quantas pessoas irão morrer?"

Com o surto de coronavírus ultrapassando 1 milhão de casos no Brasil, mais do que em qualquer outro lugar do mundo exceto os Estados Unidos, as linhas de frente estão mudando dos hospitais modernos nas principais cidades para áreas remotas e pobres do país.

As cidades de Belém e Macapá emergiram como pontos com alta incidência de coronavírus em abril e maio. Desde então, o vírus se espalhou profundamente nas áreas rurais ao redor.

A Reuters passou uma semana acompanhando profissionais médicos em sua batalha contra a pandemia perto da Ilha de Marajó, que está separada do continente pelo delta do Amazonas, pelo complexo estuário do rio Pará e pela baía do Marajó.

Em construções de palafitas ao longo do rio, a maioria das famílias sobrevive pescando e colhendo frutas. O distanciamento social é quase impossível em barracos de madeira construídos juntos. Muitos não têm telefones e eles podem levar um dia ou mais para chegar aos postos de saúde.

O coronavírus criou raízes aqui, matando dezenas e infectando mais centenas, mostram registros de saúde pública. A Reuters observou que infecções graves são frequentemente identificadas e tratadas tardiamente, quando as chances ficam menores para os pacientes.

Mesmo assim, profissionais de saúde pública se mostram corajosos, transportando pacientes por longas horas de viagem de barco.

"É complicado devido à dificuldade dos acessos, como a escada do ribeirinhos", disse o médico Alex Glaison, depois de tratar um paciente em casa na beira do rio. "O que alimenta a gente é esse resultado."

Alguns moram 36 horas do centro da cidade, transformando a assistência médica em um pesadelo logístico, disse Nizomar Junior, secretário municipal de Saúde de Portel, perto da Ilha Marajó.

Ele lidera uma equipe de médicos espalhada pela região que costuma viajar horas a fio, muitas vezes lutando contra correntes imprevisíveis e frentes meteorológicas que se aproximam rapidamente.

Maria Luiza Costa, uma produtora de mandioca, é uma dessas moradoras isoladas. Ela e a mãe sofreram dores de cabeça e sintomas de gripe, mas não houve confirmação de coronavírus até que médicos visitassem a casa delas, escondida em um afluente.

A doença as impediu de trabalhar. Maria Luiza disse que estava vivendo com o auxílio emergencial de 600 reais do governo federal.

© Reuters. Equipes de saúde conversam com mulher na ilha do Marajó

Para muitos moradores, a pandemia marca seu primeiro contato com o sistema público de saúde. É um alívio para alguns, mas pode trazer uma ansiedade persistente, pois o tratamento significa enviar parentes para longe através do rio.

Andreza Lima da Cruz, de 25 anos, viu médicos transportando seu pai em ambulância flutuante para o hospital em Portel depois que ele testou positivo para o coronavírus.

"A gente fica triste porque, por mais que ele esteja indo para lá, nós sabemos que chega lá e a gente não tem uma certeza de que ele vai voltar."

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