O mercado de tokens não fungíveis, ou NFTs, têm conquistado a atenção do mundo. A crescente popularidade está atraindo até mesmo artistas do mercado tradicional, que buscam conhecer mais sobre blockchain e NFTs.
Um desses artistas é Fernando Quevedo, brasileiro que ter a arte dentro de si desde sempre.
Com exclusividade, ele conta ao CriptoFácil sobre sua jornada no mundo dos NFTs, bem como mostra seu ponto de vista artístico sobre esse novo mercado.
“Efeito Beeple”
Fernando conta que cresceu influenciado pelas temáticas circense e de super-heróis. Após adquirir graduações em artes plásticas, design gráfico, animação 3D e efeitos especiais no exterior, ele retornou ao Brasil.
Trabalhando para canais como TV Cultura e Rede Globo, Fernando conta que começou a ver o mercado da arte com outros olhos. Nesse meio, sua paixão pela arte digital floresceu ainda mais.
Sua entrada no mundo dos NFTs se deu com o leilão da obra do artista conhecido como Beeple. O NFT, vendido por mais de R$ 380 milhões, teve seu leilão na Christie’s.
A Christie’s é uma das mais famosas casas de arte do mundo, algo que chamou a atenção de Fernando:
“Sempre fui apaixonado por arte digital e tecnologia. Me chamou a atenção uma casa tão tradicional de leilão, como a Christie’s, promover a venda do primeiro leilão de arte digital em blockchain. Desde então, comecei a pesquisar sobre os NFTs e me deparei com algo incrível: um ecossistema que congrega o digital com minha força nas artes plásticas e no mercado que venho conquistando.”
Nota-se que o hype dos preços ajudou Fernando na visualização de algo maior. Um mercado onde ele poderia unir sua paixão com novos conceitos, como a blockchain.
Por meio da plataforma OpenSea, Fernando Quevedo resolveu desbravar esse novo mundo. A obra “Naty the Clown” foi seu primeiro NFT concluído.
Atualmente, o artista está leiloando a série “Quevedo Skulls”. A série de cinco NFTs animados mostra esqueletos tematizados como palhaços, um prato cheio para os fãs dessa estética:
NFTs e mercado da arte
A febre dos NFTs levanta algumas questões e paralelos com o mercado tradicional da arte. Quando perguntado sobre esses tokens serem passageiros, Fernando afirma que crê em uma reformulação no mercado da arte por meio de NFTs.
Ele compara a forma como o Bitcoin mudou a visão do mundo sobre dinheiro com o potencial dos NFTs:
“Embora o mercado do NFT seja muito novo, assim como o Bitcoin mudou a forma como o mundo vê dinheiro e transferência de valores, acredito que haverá uma reformulação do mercado da arte.”
O artista completa afirmando que essa mudança não será negativa.
“Vislumbro mais como uma possibilidade de inclusão, expansão e descentralização de arte e cultura.”
Fernando conclui dizendo que NFTs são “deslumbrantes e assustadores”, tendo em vista seu dinamismo. Sobre os altos preços dos NFTs, ele acrescenta que ainda é difícil dizer se são exagerados ou não.
“Os produtores de conteúdo que já chegam com seu próprio público, como NBA e NFL, já chegam com credibilidade e valor formado. Existem também os CryptoPunks e CriptoKitties. Estes já estão valorizados por ter mais tempo no mercado, aumentaram de preço por serem os primeiros.”
Tendo em vista o momento de ascensão, muito ainda se discute sobre os preços. Desta forma, segundo Fernando, é difícil pontuar se os preços estão exagerados ou não.
Fraudes
Sobre as fraudes com NFTs, nas quais artistas têm suas obras roubadas e transformadas em tokens por terceiros, Fernando conta que a pirataria é comum em diversas esferas.
Este tipo de conduta deve ser combatido com regulamentação. O lado positivo é que, em termos de blockchain, a posse dos NFTs é assegurada.
Ou seja, ainda que existam tristes práticas prejudiciais aos artistas, restam características positivas no mercado de NFTs que podem auxiliar em problemas do mercado da arte tradicional.
Fusão entre físico e digital
Voltando aos impactos dos NFTs no mundo do mercado tradicional da arte, Fernando acredita nos tokens como uma forma de tornar o artista ainda mais independente e valorizado.
“Blockchain e NFTs permitem que o artista tenha uma valorização justa, principalmente na questão de porcentagem nas revendas.”
Não apenas isso, mas os NFTs são também uma forma de democratização da arte, de acordo com o artista. Ele cita exposição de obras clássicas como exemplo:
“Com a descentralização, galerias e museus — como o Louvre — poderão ceder seus NFTs para exposições em qualquer lugar do mundo. Novas tecnologias têm o potencial positivo de promover revoluções, porém, sempre vêm com ajustes e recomeços.”
Nesse cenário, galerias e o mercado de NFTs se comunicariam. Digital e físico teriam uma relação mais estreita.
Contudo, o crescimento de uma esfera não implica na extinção da outra:
“Amostras em shoppings e lugares públicos continuarão a fazer parte do nosso dia a dia.”
Para o olhar único de Fernando Quevedo, o mercado de NFTs ainda tem muito para crescer e oferecer.