Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - Os chefes comerciais das potências econômicas do mundo desenvolvido, que se reunirão na sexta-feira, têm poucas opções disponíveis para solucionar rapidamente os problemas da cadeia de suprimentos que estão impulsionando a inflação e prejudicando o crescimento, um desafio que, segundo especialistas, vem de forças de mercado que fogem de seu alcance.
As autoridades do comércio do G7, que se encontrarão em Londres, podem fazer apelos por esforços mais intensos na correção de atrasos nos portos de contêineres e outros gargalos no transporte, mais melhorias na infraestrutura para acelerar a chegada dos produtos ao mercado e diversificação dos fornecedores de componentes-chave, como semicondutores, incluindo mais produção doméstica.
Mas todas essas são soluções de longo prazo. As forças de mercado que criaram o excesso de demanda por bens podem já estar bem encaminhadas para corrigir o problema.
"Essas autoridades têm poucas cartas na manga para resolver esse problema", disse Harry Broadman, diretor-gerente do Berkley Research Group e ex-autoridade comercial dos Estados Unidos. "Em última análise, isso é impulsionado pela demanda do consumidor."
Com a demanda e a oferta fora de sincronia e a logística lutando para se recuperar, pode levar até seis meses para que a escassez de muitos bens seja amenizada, disse ele, e grande parte desse movimento será provocada pelas forças de mercado e empresas do setor privado preenchendo a lacuna entre os dois lados.
Atender a algumas das necessidades mais críticas da cadeia de suprimentos levará tempo, disse William Reinsch, especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e ex-autoridade de exportação do Departamento de Comércio dos EUA.
Adicionar capacidade de produção doméstica de mais semicondutores para reduzir a dependência de um punhado de países asiáticos levará anos, enquanto atualizar a infraestrutura portuária para aumentar a eficiência também é um esforço de longo prazo, disse ele.
Grande parte do problema atual é uma incompatibilidade entre a forte demanda reprimida por bens --alimentada por cheques de auxílio durante a crise do coronavírus e economias acumuladas pelas pessoas durante os lockdowns-- contra uma oferta limitada por paralisações de produção, estoques menores e escassez de trabalhadores.
Mas o "boom" no consumo que elevou os gastos do consumidor norte-americano em bens duráveis 25% acima da tendência este ano não vai durar e provavelmente será substituído por uma demanda abaixo do normal em 2022, disse o economista-chefe do UBS, Paul Donovan, em nota a clientes. Isso vai desacelerar o crescimento do PIB e esfriar a inflação.
"Uma vez que a demanda reprimida seja atendida, não há mais necessidade de gastar. A pessoa que comprou uma nova máquina de lavar este ano não tem pressa em comprar outra nova no próximo ano", escreveu Donovan.