Investing.com – Um cenário de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição implicaria em robusta elevação no gasto público no ano que vem, afetando a trajetória da dívida. A avaliação é do Itaú BBA, que apontou que a expansão fiscal pode resultar em novo ciclo de crescimento baixo, inflação e juros altos.
Em relatório, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú BBA, destacou que o banco reduziu a projeção para o indicador oficial de inflação no país de 5,8% para 5,6% neste ano, mas aumentou a expectativa para o ano que vem de 5% para 5,7%. A análise inclui a volta total de PIS/Cofins sobre a gasolina e uma desinflação mais lenta de serviços. “Com inflação mais alta no horizonte relevante, o espaço para cortes de juros ao longo do próximo ano será menor”, destaca Mesquita, que projeta cortes na Selic somente no último trimestre do ano que vem, para 12,50%.
O Itaú BBA ainda estima superávit primário de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, além de um déficit primário de 1,9% no ano que vem, contra projeção anterior de 1,5% do PIB.
De acordo com o banco, a atividade econômica brasileira deve continuar em expansão, mas com redução no ritmo. O Itaú BBA projeta alta de 0,1% no último trimestre deste ano, terminando 2022 com elevação de 3,0%. O banco atualizou as estimativas de 0,7% para 0,9% no ano que vem, com os indicativos de expansão fiscal e melhora na perspectiva da safra de grãos.
O banco ainda resolveu manter projeção da taxa de câmbio em R$ 5,25 por dólar ao final deste ano. Para o fim do ano que vem, o dólar chegaria a R$ 5,50. O banco reforça que, mesmo com cenário externo mais positivo, a moeda é afetada pelo prêmio do risco.
Tendências de 2024
As contas públicas continuam como ponto de cautela, segundo o banco. Em um cenário com aumento de um ponto percentual de carga tributária sobre o produto, a dívida pública atingiria 80% do PIB. A a taxa de juros poderia cair, mas ainda ficaria em dois dígitos, alerta o banco.
O economista-chefe elenca medidas para evitar que isso ocorra, como foco sustentabilidade fiscal e nas reformas tributária e administrativa, assim como avanços para formulação de acordos comerciais internacionais.