SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira que a decisão do Planalto de afastar temporariamente quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal atende a recomendação feita pelo Banco Central, e pontuou que o próprio banco decidirá na sexta-feira o que ocorrerá daqui para frente.
"O Banco Central determinou exatamente, pediu o afastamento. O que o presidente faz é dar um prazo para que eles apresentem a defesa antes de ser feito e determinado um possível afastamento definitivo, se for esta a conclusão", disse Meirelles a jornalistas.
Ele destacou que a decisão sobre o que ocorrerá com os executivos será tomada pelo Conselho do banco, em reunião que ocorrerá na próxima sexta-feira, dia 19.
"A decisão final vai ser tomada pelo Conselho da Caixa na medida em que (é o que prevê) o estatuto já aprovado e que será submetido à assembleia geral no dia 19", afirmou. Segundo o texto, cabe ao colegiado fazer a nomeação e exoneração de vice-presidentes.
O movimento do presidente Michel Temer pelo afastamento foi publicado após reunião nesta manhã do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, e o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia.
Segundo fonte ouvida pela Reuters, o próprio BC pediu a destituição. Mas a recomendação da autoridade monetária nesse sentido veio há mais tempo.
Na quarta-feira, o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Sérgio Neves de Souza, enviou um ofício à presidente do Conselho de Administração da Caixa, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, em que recomendou o afastamento de vice-presidentes do banco após uma apuração independente e outra feita pelo Ministério Público Federal terem descoberto uma série de irregularidades em procedimento internos da instituição, segundo documentos de um processo judicial a que a Reuters teve acesso.
Quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa, além de Occhi, estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O pedido de afastamento dos dirigentes foi feito em dezembro pelo MPF e assinado pelas forças-tarefas das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis.
Os vice-presidentes citados nas investigações são Deusdina Pereira, de Fundos e Loterias; Roberto Derziê de Sant'Anna, de Governo; Antonio Carlos Ferreira, Corporativo; e José Henrique Marques da Cruz, de Clientes, Negócios e Transformação Digital.
Até semana passada, Temer vinha se recusando a afastar executivos da Caixa, que tem suas diretorias divididas entre indicações feitas pelo MDB, PR, PRB e o PP, partido de Occhi.
A ideia, até então, era evitar embates com parlamentares que poderiam rachar a base aliada num momento em que o governo luta para tentar emplacar a votação da reforma da Previdência.
(Por Marcela Ayres)