Buenos Aires, 6 jul (EFE).- O pré-candidato da oposição à presidência da Argentina, Alberto Fernández, afirmou neste sábado que seu país está mais parecido com a Venezuela, "muito mais agora do que antes", com base na taxa de inflação anualizada que alcançou 57,3% em maio, último mês do qual há dados oficiais.
"A Argentina está totalmente fora do mundo. Estamos parecidos com a Venezuela, muito mais agora do que antes. Pagamos taxas mais altas que as que são pagas na Venezuela. Somos o segundo ou terceiro país com maior inflação depois da Venezuela. Chega de enganação, e quem diz isso é alguém que crítica a situação atual na Venezuela", afirmou o pré-candidato em declarações à emissora "Radio Mitre".
Fernández, que lidera a lista da coalizão peronista Frente de Todos para as eleições de outubro, se mostrou muito crítico com a gestão do presidente Mauricio Macri, que classificou de "deplorável".
"Não enganemos mais as pessoas. Macri criou problemas que não existiam, sua gestão foi deplorável", acrescentou Fernández.
O companheiro de chapa da ex-presidente Cristina Kirchner projeta um futuro incerto no qual o país se encontra "virtualmente em default" (moratória), devido à enorme dívida externa e ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que em 2018 concedeu ao país um empréstimo de US$ 56,3 bilhões por três anos.
"A herança que Macri deixa é de uma fragilidade internacional muito grande. A dívida é enorme, de pagamento muito difícil. A Argentina está virtualmente em 'default', só não está porque o Fundo (FMI) segue mandando dinheiro, não para pagar a dívida, mas para a especulação que estamos vendo", ressaltou Fernández.
O pré-candidato também atribuiu a origem da dívida que assola o país a Macri e à forma como seu governo tentou remediar a fuga de capitais para o exterior.
"É um problema muito sério (a fuga de divisas). (...) Macri tentou resolvê-lo de modo perverso, pedindo dólares e gerando a dívida que temos", opinou Fernández.
Sobre o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) ratificado na semana passada, o pré-candidato afirmou que se trata de uma medida "eleitoreira".
"Chega de mentir para o povo, já é demais", concluiu Fernández.