Por Yawen Chen e Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - O banco central da China afirmou nesta segunda-feira que vai cortar a taxa de compulsório para liberar cerca de 280 bilhões de iuanes (41 bilhões de dólares) para pequenos e médios bancos, em uma medida que visa a ajudar empresas com dificuldades em meio à desaceleração econômica.
O corte no volume de dinheiro que os bancos devem manter como reserva será o menor desde janeiro de 2018, quando o Banco do Povo da China deu início à sua mais recente rodada de afrouxamento monetário para sustentar a segunda maior economia do mundo.
O corte, embora amplamente esperado em dado momento, foi anunciado logo depois da abertura do mercado acionário da China, e poucas horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter intensificado as tensões comerciais entre os dois países.
O banco central chinês disse em comunicado que a redução entrará em vigor em 15 de maio. Os fundos serão usados para empréstimos a empresas pequenas e privadas.
O banco central informou que cortará o compulsório de cerca de mil bancos comerciais rurais que operam no país para 8 por cento, igual ao compulsório de cooperativas menores de crédito rural.
A medida ajudará a reduzir os custos de financiamento para pequenas e micro empresas, disse o Banco do Povo da China.
Bancos pequenos e médios têm atualmente uma taxa de compulsório entre 10 e 11,5 por cento.
O banco central chinês já realizou cinco cortes de compulsório desde o início de 2018, baixando a taxa para 13,5 por cento para os grandes bancos e 11,5 por cento para credores de pequeno e médio porte.
Nos cinco cortes já realizados, a autoridade monetária injetou 3,35 trilhões de iuanes em liquidez na economia, de acordo com cálculos da Reuters baseados em dados do Banco do Povo da China e estimativas de analistas.
Analistas acreditam que o banco central chinês tem menos espaço para afrouxar a política monetária depois de cortar os compulsórios bancários e os juros agressivamente durante a crise financeira global, além de ter realizado mais cortes em 2012 e 2015 - ano marcado por uma queda nos mercados acionários e de desvalorização do iuan.
O governo, que está confiando mais no aumento dos gastos com infraestrutura e nos cortes de impostos para apoiar o crescimento econômico este ano, repetiu que não vai recorrer ao estímulo "demasiado".
Apenas algumas horas antes do anúncio sobre o compulsório, em uma medida inesperada para aumentar a pressão sobre a China, Trump disse que as negociações comerciais estavam "muito devagar" e que vai aumentar as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses para 25 por cento na sexta-feira, de 10 por cento em vigor.
Seus comentários agitaram os mercados que vinham desfrutando de um período de calma graças a sinais de crescimento forte na China e nos Estados Unidos, e a comentários anteriores de Trump e outras autoridades dos EUA de que as negociações comerciais estavam indo bem.
Alguns analistas acreditam que o Banco do Povo da China fez o movimento em uma tentativa de tranquilizar os investidores agitados pelos últimos comentários de Trump.