Por Elizabeth Piper e Paul Carrel
BERLIM (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, procurou tranquilizar a Alemanha nesta quarta-feira a respeito do referendo de 23 de junho que decidiu a separação de seu país da União Europeia, enfatizando seu desejo de aprofundar os laços com países vizinhos em sua primeira viagem ao exterior como líder britânica.
Mas embora Angela Merkel tenha concordado com May que o Reino Unido precisa de tempo para formular uma proposta de negociação antes de desencadear a desfiliação formal do bloco, a chanceler da Alemanha deixou claro que ninguém quer "um período longo no limbo".
May, que assumiu uma semana atrás, depois que David Cameron renunciou em reação ao referendo, pediu tempo para determinar a melhor maneira de enfrentar a negociação inédita e complexa de saída do bloco, enquanto outros líderes da UE dão poucos sinais de que irão facilitar as coisas para o Reino Unido.
Ao seguir para a Alemanha e mais tarde para a França, May está determinada a sondar os dois líderes mais poderosos da UE, Merkel e o presidente da França, François Hollande, já que, como acreditam as autoridades, os maiores Estados-membros do bloco irão tomar as rédeas das conversas.
"(A visita) sublinha meu comprometimento pessoal para criar uma parceria forte e construtiva... uma parceria que funcione em benefício do povo aqui na Alemanha e do povo do Reino Unido", disse May em uma coletiva de imprensa ao lado de Merkel.
"Também quero deixar claro aqui hoje, e em toda a Europa nas próximas semanas, que não estamos nos distanciando de nossos amigos europeus."
Merkel reiterou que não pode haver negociações formais sobre os termos para um Reino Unido pós-saída da UE antes de Londres invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa da UE para iniciar o procedimento oficial de separação, e exortou a colega a não esperar muito.
"Ninguém quer um período longo no limbo. Nem o povo britânico nem os Estados-membros europeus", afirmou Merkel.
"Todos têm interesse que os preparativos sejam conduzidos de forma minuciosa, que as posições estejam claras, e acho que é absolutamente compreensível que o Reino Unido precisa de um certo tempo para isto."
May disse que seu país não irá acionar o Artigo 50 este ano.
Falando sobre o relacionamento entre as duas líderes, May disse que ambas são "duas mulheres aqui que... se me permitem dizê-lo, acho que põe mãos à obra. Ambas querem os melhores resultados possíveis para os povos do Reino Unido e da Alemanha". Merkel respondeu: "Exatamente".
Mas nenhuma das duas tem ilusões sobre quão duras serão as conversas sobre o rompimento britânico. May precisa tentar equilibrar as exigências dos eleitores por uma redução na circulação de pessoas dos outros 27 países integrantes do bloco e o desejo do empresariado de preservar o acesso ao lucrativo mercado comum da UE.
(Reportagem adicional de Noah Barkin, Kylie MacLellan e William James)