Por Anthony Boadle e David Lawder
BUENOS AIRES (Reuters) - Os líderes financeiros mundiais devem reafirmar nesta terça-feira seu compromisso de combater o protecionismo e reconhecer a necessidade de "mais diálogo e ações" em relação ao comércio, poucos dias antes de as tarifas sobre importações de aço e alumínio dos Estados Unidos entrarem em vigor.
Os ministros das Finanças e membros de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo, o G20, estão discutindo o risco para o crescimento econômico global representado por uma potencial guerra comercial causada pelas tarifas dos EUA e por iminentes sanções comerciais contra a China.
O esboço do comunicado ao qual a Reuters teve acesso mostrou que os líderes financeiros adicionaram uma frase que não estava em seu rascunho inicial, que enfatiza a necessidade de novas negociações sobre questões comerciais.
"O comércio e investimento internacionais são motores importantes de crescimento, produtividade, inovação, criação de emprego e desenvolvimento", afirmou o G20 no esboço do comunicado visto pela Reuters.
"Reafirmamos as conclusões de nossos líderes sobre o comércio na Cúpula de Hamburgo e reconhecemos a necessidade de um maior diálogo e ações. Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio para nossas economias"
A nova abordagem sobre a necessidade de diálogo comercial ocorre no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, está preparando planos para punir a China com tarifas sobre suas práticas de propriedade intelectual.
Duas autoridades com conhecimento sobre o assunto disseram que Trump deve impor tarifas de até 60 bilhões de dólares em tecnologia e produtos de telecomunicações chineses até sexta-feira, no mesmo dia em que uma tarifa de 25 por cento sobre aço importado e 10 por cento sobre alumínio será aplicada.
O comunicado final deverá ser divulgado nesta terça-feira.
O comunicado da Cúpula de Hamburgo, assinado por Trump em julho de 2017, diz que os países do G20 "continuarão a combater o protecionismo, incluindo todas as práticas comerciais injustas".
Mas também diz na mesma frase que eles "reconhecem o papel dos instrumentos de defesa comercial legítimos" - uma ambiguidade que fornece aos EUA uma maneira de defender sua motivação para as tarifas.
No esboço do comunicado, os ministros do G20 reiteraram suas promessas tradicionais de se absterem de desvalorizações competitivas e evitar orientar suas taxas de câmbio para obter vantagens de exportação.
Mas eles também adicionaram um novo posicionamento sobre as taxas de câmbio, enfatizando a estabilidade e a flexibilidade:
"Fundamentos fortes, políticas sólidas e um sistema monetário internacional resiliente são essenciais para a estabilidade das taxas de câmbio, contribuindo para um crescimento e investimento fortes e sustentáveis. Taxas de câmbio flexíveis, quando possível, podem servir como um amortecedor de choques", disse o esboço do comunicado.