Investing.com - O noticiário político negativo deve dividir a atenção dos agentes domésticos com o ritmo dos mercados internacionais. Lá fora, o apetite ao risco prevalece entre os investidores, refletindo um indicador da China e a alta das commodities.
Após a divulgação dos dados comerciais da China, a cotação das commodities subiram e atribuíram otimismo aos agentes internacionais. No gigante asiático, as exportações avançaram 7,9% e as importações subiram 16,7% em janeiro em relação ao mesmo período do ano anterior, superando as estimativas do mercado.
Com a China do radar, os preços de minério de ferro nos mercados internacionais registram forte alta, o que coloca as ações de mineradoras no terreno positivo. A Vale (SA:VALE5) deve seguir a tendência de Anglo American (LON:AAL), Rio Tinto (LON:RIO) e Glencore (LON:GLEN), que sobem mais de 2% nesta sexta-feira.
Segundo Luiz Roberto Monteiro, operador institucional da Renascença Corretora, “se o Ibovespa operar em terreno positivo, será por influência do otimismo internacional”.
Enquanto a maré boa vem do exterior, o noticiário político é negativo e pode pesar sobre o índice doméstico.
Os agentes operam de olho na decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, sobre a nomeação de Moreira Franco (PMDB) a Secretaria-Geral da Presidência - que tem status de ministério.
O magistrado é o relator dos dois mandados de segurança, que foram ajuizados pelo PSOL e pelo Rede Sustentabilidade. Os partidos alegam que Moreira só foi nomeado para ter foro privilegiado.
“O mercado começa a ver que o presidente [Michel] Temer está rodeado de pessoas que tem várias implicações em Lava Jato e estão mergulhadas em denúncias. Isso é negativo para ele e amplia as investigações sobre o futuro do país, o que pode afugentar os investidores internacionais”, destaca Monteiro.
Além disso, o operador da Renascença destacou que a escolha de Carlos Marun (PMDB-MS) como presidente da Comissão da Reforma da Previdência na Câmara também atribui cautela aos agentes locais.
“É um fato negativo, pois ele era o maior escudeiro de [Eduardo] Cunha. Também desagradam as denúncias contra o presidente da Câmara Rodrigo Maia e escolha de Edison Lobão para a CCJ. Isso deve pressionar os papéis das estatais”, concluiu Monteiro.