Bogotá, 6 nov (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, divulgou nesta segunda-feira sua declaração de renda de 2015 e 2016, depois de que seu nome apareceu no domingo no vazamento de documentos conhecido como 'Paradise Papers' sobre sociedades em paraísos fiscais.
Na declaração que corresponde a 2016, Santos apresenta um patrimônio bruto de 6.446.460.000 de pesos colombianos (US$ 2,1 milhões).
Além disso, o documento registra que as dívidas do chefe de Estado chegam a 1.138.000 pesos (US$ 374) e que, no ano passado, ele recebeu como funcionário do governo a soma de 515.729.000 de pesos (US$ 169 mil).
Juan Manuel Santos está entre os 127 líderes internacionais vinculados a sociedades em paraísos fiscais, segundo uma investigação jornalística divulgada ontem simultaneamente em vários veículos de imprensa.
Na investigação, desenvolvida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) e chamada de 'Paradise Papers', Santos é mencionado como diretor de duas sociedades "offshore", como são chamadas as empresas registradas em um país no qual não realizam nenhuma atividade econômica.
Segundo a informação, as empresas relacionadas com o líder colombiano estão estabelecidas em Barbados, considerado um paraíso fiscal no Caribe.
Em Nova Holding Company, Santos figura como diretor em 2000, ano em que ocupava o cargo de ministro de Fazenda durante o governo do então presidente Andrés Pastrana (1998-2002).
O relatório também afirma que nos registros da Global Tuition & Education Insurance Corp, uma companhia de seguros isenta de carga tributária, Santos aparece como diretor, um cargo que, posteriormente, ficou nas mãos da família do ex-presidente César Gaviria Trujillo (1990-1994).
"Fui convidado para ser parte da diretoria da Global e participei como membro por pouco tempo, até assumir o Ministério da Fazenda no governo de Andrés Pastrana. Desconheço a razão de meu nome aparecer como membro da diretoria dois anos depois. Imagino que eles demoraram a registrar as mudanças oficialmente", indicou Santos ontem em comunicado de imprensa.
O presidente explicou que foi "convidado por um grupo de investidores e de empresários para colaborar na criação de uma iniciativa dedicada a buscar soluções para o financiamento e para a preparação das famílias para assumir os custos associados à educação superior de seus filhos".
Além disso, Santos esclareceu que por "ter ajudado como membro da diretoria" lhe "ofereceram a possibilidade de uma opção para adquirir uma participação minoritária", a qual ele disse ter renunciado no ano 2000. "Nunca investi um único peso e nunca fui sócio dessa companhia", frisou.
O presidente acrescentou que a relação com a Global "terminou como membro da diretoria antes de assumir o Ministério da Fazenda" e que não houve lugar para qualquer remuneração, pois isto não era contemplado para os membros da diretoria, razão pela qual sua participação não foi declarada.