ATENAS (Reuters) - O líder esquerdista grego Alexis Tsipras descartou nesta sexta-feira sugestões de que Atenas tem que finalizar uma análise de seu pacote de resgate financeiro até o final do mês que vem, dizendo que qualquer governo liderado por seu partido, o Syriza, terá até julho para negociar com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo da Grécia vinha tentando concluir a última revisão nos termos do programa de resgate de 240 bilhões de euros quando a avaliação foi adiada, em função das eleições parlamentares a serem realizadas no próximo domingo.
O resgate financeiro da UE vence em 28 de fevereiro, e autoridades da zona do euro deram a entender que a Grécia provavelmente terá que pedir uma nova prorrogação do programa.
Mas como o Syriza, que é contra a austeridade fiscal, parece prestes a vencer a eleição, Tsipras afirmou que o plano do Banco Central Europeu de reforçar a economia da zona do euro comprando títulos governamentais criou um cronograma de fato para as conversas com os credores gregos.
A Grécia não pode se candidatar ao programa do BCE, revelado na quinta-feira, até julho.
"O anúncio de ontem (do BCE) estabelece o cronograma das negociações, este cronograma é julho – o mesmo cronograma que estabelecemos – e não 28 de fevereiro", declarou Tsipras. "Estou certo de que até lá teremos encontrado uma solução viável e mutuamente aceitável".
Autoridades do Syriza já disseram que planejam pedir um prazo adicional para além de fevereiro para negociar com os credores, embora tenham resistido à ideia de solicitar a extensão de um resgate ao qual se opõem fortemente.
A liderança do Syriza nas pesquisas de opinião se ampliou nos últimos dias, e o partido ficou mais próximo do nível necessário para obter uma vitória contundente.
Indagado se seu primeiro encontro com um líder europeu seria com a chanceler alemã, Angela Merkel – que ele criticou reiteradamente nos últimos anos por conta da austeridade imposta à Grécia sob iniciativa da Alemanha – Tsipras disse que pretende viajar primeiro ao Chipre.
"Não vejo a senhora Merkel como alguém muito diferente do resto dos 28 líderes da UE", afirmou. "A negociação será em nível europeu, onde temos apoiadores".
(Por Renee Maltezou)