Nações Unidas, 29 abr (EFE).- O governo da Argentina aproveitou sua presença na ONU nesta quarta-feira para criticar os fundos que estão reivindicando em tribunais internacionais o pagamento de velhas dívidas e os acusou de serem "parasitas especializados" que buscam "extorquir" nações em problemas.
"Os 'fundos abutres' se transformaram em um obstáculo para países que estão em dificuldades (..). As Nações Unidas têm que desempenhar um papel nisto", afirmou o ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof.
Kicillof falou da necessidade de buscar novos marcos legais internacionais e novas ferramentas para evitar que grupos de credores privados utilizem os tribunais para, "de maneira extorsiva", impedir os povos de "levantar cabeça".
O ministro argentino falou perante um comitê da ONU para analisar os processos de reestruturação de dívida soberana, criado no ano passado e presidido pelo embaixador boliviano nas Nações Unidas, Sacha Llorenti.
Esta comissão nasceu enquanto a Argentina lutava nos tribunais de Nova York em um processo iniciado por fundos credores que compraram dívida soberana em moratória desde 2001 e que não entraram em dois planos de reestruturação negociados pelo país.
Estes fundos reivindicam à Argentina US$ 1,3 bilhão, mais juros, e a Justiça lhes deu a razão, em processo legal que está afetando também a capacidade que a Argentina tem de cumprir com seus atuais compromissos de dívida soberana.
Em sua exposição, com várias referências históricas e teóricas, Kicillof disse que confia que as angústias legais que a Argentina está enfrentando em Nova York sirvam para definir uma "arquitetura financeira internacional" que seja "mais equitativa".
"Necessitamos de instrumentos mais poderosos para discutir as questões da dívida dos países", comentou o ministro.
Em seu discurso, em uma das salas da sede da ONU, Kicillof criticou os "parasitas especializados" em comprar dívida de países que estão em dificuldades e disse que o poder destes fundos abutres se tornou "insuportável".
A fala do ministro argentino foi seguida por um turno de respostas de representantes de Brasil, Venezuela, Cuba, Sri Lanka, Guatemala e Cingapura, que apoiaram em maior ou menor medida as abordagens de Kicillof.