Por Michael Martina e Steve Holland
PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - A China alertou nesta sexta-feira que está totalmente preparada para responder com um "contra-ataque feroz" de novas medidas comerciais caso os Estados Unidos sigam com a ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre outros 100 bilhões em produtos chineses.
Diante da "retaliação injusta" da China contra as ações comerciais anteriores dos EUA, Trump elevou as apostas na quinta-feira ao ordenar que autoridades norte-americanas avaliassem tarifas extras, aumentando o confronto com consequências potencialmente prejudiciais para as duas maiores economias do mundo.
O porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, considerou a ação dos EUA como "extremamente equivocada" e injustificada, acrescentando que a disputa foi uma batalha entre o unilateralismo e o multilateralismo. Ele também disse que nenhuma negociação é provável nas atuais circunstâncias.
"O resultado desse comportamento é esmagar o próprio pé com uma pedra", disse Gao em entrevista coletiva em Pequim. "Se os Estados Unidos anunciarem uma lista de tarifas 100 bilhões de dólares adicionais, a China já se preparou, e não hesitará em fazer imediatamente um feroz contra-ataque".
Gao falou pouco depois que Trump defendeu suas propostas de tarifas em uma rádio norte-americana, dizendo que a medida pode causar "um pouco de sofrimento", mas que os Estados Unidos ficarão melhores a longo prazo.
"Eu não estou dizendo que não haverá um pouco de sofrimento, mas o mercado subiu 40, 42 por cento, então podemos perder um pouco disso", disse Trump em entrevista à estação 77 WABC.
Embora Pequim afirme que Washington é o agressor e está provocando protecionismo global, os parceiros comerciais da China reclamam há anos que o país abusa das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e propaga políticas injustas que impedem empresas estrangeiras de entrarem em alguns setores no país.