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Fim da Rio 2016: de volta à realidade e às preocupações econômicas e políticas

Publicado 22.08.2016, 18:41
© Reuters. Capacetes de taekwondo em arena usada durante a Olimpíada Rio 2016

Por Paulo Prada

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Até agora, os brasileiros tinham algo a esperar. Apesar de uma recessão histórica, do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e da operação Lava Jato, a Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 surgia no horizonte como um derradeiro raio de luz vindo de uma era mais brilhante em que o Brasil parecia estar com a casa em ordem.

Após a cerimônia de encerramento de domingo, no entanto, o apagar da chama olímpica pode ter sido o término de um capítulo da história brasileira –e o início de um período no qual o maior país da América Latina, agora com seus sonhos abatidos, se vê mais uma vez muito aquém de seu potencial econômico e político.

"Já não tem mais nada para disfarçar a dura realidade do Brasil agora", disse o cientista político e professor da Unicamp Roberto Romano. "Essa ideia grandiosa em que muitos acreditavam até há pouco não tem mais nada que a sustente".

A ideia grandiosa era a de que o Brasil, após quase uma década de crescimento econômico que tirou mais de 30 milhões de pessoas da pobreza, finalmente estava no patamar a que pertence. A Rio 2016 e a Copa do Mundo de 2014 deveriam servir para ilustrar sua chegada ao grande palco global.

Em vez disso, a economia do país e o governo petista que presidiu essa ascensão começaram a desmoronar quase em consonância com esses grandes eventos, fazendo com que se desenrolassem apesar das circunstâncias, não por causa delas.

É certo que os Jogos tiveram seus tropeços –desde a água verde na piscina dos saltos ornamentais a uma câmera que se soltou de um cabo guia, ao escândalo internacional do falso assalto à mão armada do nadador norte-americano Ryan Lochte.

E os questionamentos a respeito da suposta corrupção nos contratos de infraestrutura e de construção dos locais de competição irão perdurar por anos, para não falar do preço final da Rio 2016, que deve ultrapassar a cifra de ao menos 40 bilhões de reais anunciada pelos organizadores.

Ainda assim, os Jogos transcorreram nos termos que muitos brasileiros haviam previsto: as competições aconteceriam tranquilamente e os problemas de segurança e logística, suavizados pelas férias, que reduziram o trânsito, e uma mobilização enorme de 85 mil policiais e soldados, não seriam muito piores do que o normal em uma cidade que é caótica mesmo em seus melhores dias.

'E AGORA?'

Com a Rio 2016 encerrada, porém, os brasileiros estão se perguntando: "E agora?"

"A Olimpíada foi divertida, mas foi uma distração", disse Flavio Mattos, instrutor de fitness de 37 anos do Rio, depois de ver o Brasil perder da Espanha no polo aquático no sábado. "Agora temos problemas sérios para resolver."

Basta considerar a situação do governo.

Nesta semana, o Senado começa o julgamento do impeachment de Dilma, afastada desde maio devido a alegações de crime de responsabilidade fiscal.

Tanto ela quanto Lula estão sendo investigados por suposta obstrução da Justiça durante as investigações da Lava Jato.

A economia brasileira, outrora motivo de inveja de um mundo desenvolvido abalado pela crise financeira mundial, está atravessando sua pior recessão em décadas. Embora alguns indicadores insinuem que a economia já atingiu o fundo do poço e agora se inicia uma recuperação tímida, outros, como a taxa de desemprego, que recentemente ultrapassou os 11 por cento, continuam a apontar para tempos difíceis.

Por culpa dos gastos crescentes dos bons tempos, parte da mesma postura que levou o Brasil a sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo em um intervalo de dois anos, as contas públicas são insustentáveis.

Partindo de um recorde negativo de 3 por cento em 2013, o déficit orçamentário do governo chegou a quase 10 por cento da economia do país no ano passado.

© Reuters. Capacetes de taekwondo em arena usada durante a Olimpíada Rio 2016

"A gente está muito próximo ao abismo", disse Samuel Pessoa, diretor do Centro de Crescimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas, que calcula que a economia brasileira terá encolhido até 10 por cento entre 2015 e o final do ano que vem.

Sem reformas para conter os gastos públicos com salários, aposentadorias e programas sociais, dizem ele e outros economistas, o governo do Brasil irá quebrar.

"A cortina desceu", afirmou o antropólogo Roberto DaMatta. "A realidade terá que se instalar."

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