Agência Brasil - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve lucro líquido de R$ 5 bilhões no primeiro semestre de 2020. O resultado foi apresentado junto com o balanço das medidas emergenciais de enfrentamento à crise decorrente da pandemia de covid-19. De acordo com o BNDES, até 13 de agosto, essas ações somaram R$ 59,3 bilhões e ajudaram 171 mil empresas onde trabalham 5,2 milhões de pessoas. A maioria das operações (99,7%) foi destinada a empresas de micro, pequeno ou médio porte.
O presidente do banco Gustavo Montezano teve uma indisposição e não estava presente na apresentação. Ele fez teste de covid-19, mas ainda não há resultado.
Segundo a instituição, o segundo trimestre de 2020 foi impactado pelo cenário de crise, levando a um resultado recorrente, que exclui a volatilidade da carteira de renda variável e os ajustes na provisão para risco de crédito, de R$ 1,32 bilhão e a um prejuízo contábil de R$ 582 milhões. “O prejuízo foi motivado por ajustes negativos de equivalência patrimonial em empresas investidas e por provisionamentos para risco de crédito visando a cobertura de eventuais perdas decorrentes do cenário de pandemia da covid-19. Já no semestre, o lucro recorrente foi de R$ 3,77 bilhões”, informou.
Participações
O resultado do BNDES no semestre foi favorecido pelas vendas de participações societárias que contribuíram positivamente com R$ 8 bilhões, com destaque para a oferta pública de ações da Petrobras (SA:PETR4), em fevereiro.
A despesa com equivalência patrimonial no semestre somou R$ 1,29 bilhão, influenciada, principalmente, pelo prejuízo registrado pela JBS (SA:JBSS3). “Vale destacar que, a despeito desse resultado negativo, a JBS contribuiu positivamente para o patrimônio do BNDES pelo registro de ganhos cambiais com controladas no exterior diretamente em seu patrimônio líquido”, observou o banco.
Despesas
As despesas administrativas e com pessoal tiveram queda de 8,3%, de R$ 1,214 milhão no primeiro semestre de 2019 para R$ 1,113 milhão no primeiro semestre de 2020.
Fontes de recursos
O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Tesouro Nacional representavam, em 30 de junho de 2020, 40,6% e 28,2%, respectivamente, das fontes de recursos do banco. O valor devido pelo BNDES ao Tesouro Nacional atingiu R$ 211,1 bilhões na mesma data, o que significa alta de 5,7% em relação a 31 de dezembro de 2019. O motivo foi o ingresso de recursos do Tesouro Nacional no âmbito do Programa Emergencial de Suporte a Empregos (PESE). Segundo o BNDES, os pagamentos ordinários ao Tesouro totalizaram R$ 7,6 bilhões e não houve liquidações antecipadas no semestre.
Covid-19
As medidas emergenciais do BNDES para combate à pandemia buscam preservar as atividades econômicas das companhias durante esse período e viabilizar investimentos no setor de saúde. Entre as principais medidas, anunciadas desde 22 de março, estão a linha de capital de giro para micro, pequenas e médias empresas que já aprovou R$ 6,4 bilhões – superando a previsão inicial de R$ 5 bilhões – e apoiando 19,6 mil empresas.
Em maio, o BNDES concluiu a transferência de R$ 20 bilhões do fundo PIS/Pasep para o FGTS, o que permitiu a realização de saques extraordinários dos trabalhadores. A suspensão de pagamentos de financiamentos somou R$ 12,4 bilhões. Isso beneficiou 28,5 mil micro e pequenas empresas e 430 empresas grandes.
As aprovações do Programa de Apoio Emergencial ao Combate da Pandemia do Coronavírus chegaram a R$ 293 milhões para aquisição de equipamentos utilizados em unidades de terapia intensiva (UTIs) e kits de diagnósticos.
Plano Trienal
Junto às ações emergenciais, o banco buscou cumprir as metas estabelecidas no Plano Trienal 2020-2022. Os principais destaques do primeiro semestre foram os setores de saúde, com a construção/modernização de unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em 25 das 27 unidades da federação; de energia, promovendo a geração de 0,42 GW, o suficiente para atender a mais de 980 mil domicílios; e de logística, com a realização de leilão de 1,3 mil km de rodovias em São Paulo. Entre janeiro e junho de 2020, os desembolsos do BNDES para a implantação de investimentos fixos garantiram 367,6 mil empregos.