O Itamaraty informou nesta 4ª feira (11.out.2023) que está negociando a saída de 30 pessoas que estão na Faixa de Gaza, sendo a maioria brasileiros. Também fazem parte do grupo filhos de brasileiros não registrados e 3 estrangeiros responsáveis por algum menor de idade.
“Nosso Escritório em Ramala está em contato com essas pessoas”, disse o diretor do Departamento de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares, Aloysio Filho, a jornalistas.
Filho também afirmou que o Escritório de Representação do Brasil em Ramala já contratou um serviço de transporte na Faixa de Gaza para levar as pessoas ao ponto de evacuação. O governo brasileiro realizará a operação por meio de Rafah. Localizada no sul de Gaza, a cidade faz fronteira com o Egito.
Segundo o embaixador e secretário de África e de Oriente Médio, Carlos Duarte, existem duas questões para dar prosseguimento a operação de resgaste das pessoas na Faixa de Gaza: a abertura da passagem e a autorização do governo do Egito para o ingresso das pessoas em seu território.
Nesta 4ª (11.out), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pediu auxílio do ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry sobre a questão. As autoridades conversaram por telefone.
“Pedi que nos apoiasse para facilitar a passagem de ônibus com passageiros brasileiros que se encontram na Faixa de Gaza pela passagem de Rafah para que [eles] entrem no território egípcio. Creio que essa é uma boa iniciativa. Conto com o apoio egípcio para isso e creio que [essa] será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram nessa região conflagrada”, disse Vieira.
Leia outras informações dadas pelo Itamaraty nesta 4ª feira (11.out) sobre brasileiros em Israel e na Palestina:
- brasileiros residentes: segundo o Ministério, há 14.000 cidadãos do Brasil que residem em Israel. Outros 6.000 estão na Palestina;
- contato com brasileiros: o Escritório de Representação do Brasil em Ramala divulgou um formulário para ser preenchido por brasileiros em Israel. Até o momento, há 2.723 inscritos na lista. Dentre eles, estão os 211 brasileiros repatriados que chegaram ao Brasil na madrugada desta 4ª feira (11.out). Existem ainda pessoas que se inscreveram mais de uma vez, superestimando o número. Segundo o Itamaraty, nem todos os inscritos solicitaram a repatriação. Alguns dos nomes somente informaram o local onde vivem para conhecimento da representação diplomática brasileira caso seja necessário enviar alguma recomendação ou informação.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.