Cenário político conturbado fez do dólar e do euro as aplicações mais rentáveis do quinto mês do ano (Gustavo Kahil/O Financista)
SÃO PAULO – Após ter emplacado como a aplicação mais rentável de abril, o Ibovespa terminou maio na lanterninha do ranking de investimentos, com perda de 10,09%. E justamente no mês tão aguardado pelo mercado: o da transição do governo de Dilma Rousseff para Michel Temer.
As turbulências que marcaram as primeiras semanas do governo interino de Temer e o ambiente externo foram determinantes para que o Ibovespa invertesse a direção de ganhos iniciada em fevereiro, segundo Luis Gustavo Pereira, analista de investimentos da Guide Investimentos.
Na outra ponta, o cenário político conturbado fez do dólar (+5,10%) e do euro (+2,16%) as aplicações mais rentáveis de maio.
A ausência de um alívio no cenário político mesmo após o afastamento de Dilma fez com que a aversão ao risco prevalecesse no mercado doméstico. O analista da Guide destaca o fato de o Ibovespa ter encerrado o mês abaixo dos 49 mil pontos, após superar os 53 mil pontos no mês anterior.
Nesta terça-feira (31), o Ibovespa fechou em queda, pressionado pelas ações do Bradesco (SA:BBDC4), que registraram forte recuo após a notícia de que o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, e outros dois executivos da instituição foram indiciados no inquérito da Operação Zelotes. O Ibovespa caiu 0,83%, aos 48.556 pontos.
O mês de maio foi marcado pela aprovação da abetura do processo de impeachment de Dilma no Senado e seu afastamento por 180 dias. A isso se seguiu a posse de Temer como presidente interino, a indicação de um novo ministério e as novas medidas econômicas propostas pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
“As dificuldades políticas do novo governo após o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara de Deputados e as novas denúncias da Operação Lava Jato, que atingiram diretamente o novo ministério, estiveram no radar dos investidores em maio. Desse modo, tivemos recuo forte da bolsa e alta do dólar”, observa Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Ele destaca ainda os ventos vindos do exterior: a indicação de que o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos deve acontecer nos próximos meses e a iminente indicação de Donald Trump como candidato do partido Republicano para a presidencia dos EUA.
De olho em junho
Para o mês de junho, os especialistas indicam que os investidores devem ficar atentos à política monetária dos EUA e nas suas consequências para a economia global, aos dados de crescimento da China, aos rumos da corrida presidencial norte-americana, além dos sinais de reação da economia brasileira.
“O mercado também deve ficar de olho no novo governo, nas novas medidas econômicas, nos desdobramentos da Operação Lava Jato e seu alcance sobre o novo governo e no desenrolar do assunto sobre a nova presidência da Câmara de Deputados”, afirma Colombo.
Ele destacou ainda a importância de avaliar a base de apoio do governo para emplacar medidas e os impactos da reação do PT e dos movimentos sociais contra o novo governo. “Em razão da queda forte do Ibovespa em maio, a recomendação é de compra gradativa e parcial da carteira de ações”, completa.
Rendimento em maio |
Posição | Aplicação | Variação (%) |
1 | Dólar | +5,10 |
2 | Euro | +2,16 |
3 | Títulos indexados ao IPCA | +1,15 a +1,30 (indicativo, sem marcação a mercado) |
4 |
Fundos de renda fixa |
+1,00 a +1,15 (média) |
5 | Fundos DI | +1,00 a +1,15 (média) |
6 | CDB | +0,95 a +1,10 (média) |
7 |
IGP-M |
+0,82 |
8 | IPCA | +0,75 (estimativa mercado) |
9 |
Poupança |
+0,65 (líquido) |
10 | Ouro |
-1,89 (mercado) |
11 | Ibovespa |
-10,09 (mercado) |
Fonte: Fabio Colombo, administrador de investimentos |