Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - Prestes a mudar a parceria com o gestor Luís Stuhlberger, o Credit Suisse anunciou nesta terça-feira o lançamento de um fundo multimercado no Brasil, que abre para captação em 2015.
Batizado de Gauss, o fundo criado em outubro com recursos do próprio grupo suíço será comandado por Fábio Okumura, que deixou o Itaú Unibanco em março neste ano.
O objetivo da instituição é que o fundo atinja rentabilidade equivalente a 150 por cento do CDI, tendo como parâmetro um teto de volatilidade de 4,5 por cento.
O presidente do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira, evitou citar metas de captação, mas disse que as metas são ambiciosas.
O anúncio vem com o redesenho da parceria com Stuhlberger, um dos gestores mais respeitados do país, por meio da Credit Suisse Hedging-Griffo, fundada por ele.
"Queremos ter novas opções de investimentos para nossos clientes", disse Pereira a jornalistas.
Stuhlberger está deixando o Credit Suisse para abrir sua própria gestora, a Verde Asset Management, que terá o Credit como minoritário e começa a funcionar em janeiro, com cerca de 31 bilhões de reais sob gestão e um time de 70 funcionários.
2015
Pereira e outros executivos do Credit Suisse se mostraram moderadamente otimistas para o mercado de capitais brasileiro em 2015, avaliando que sinalizações positivas da equipe econômica do governo Dilma Rousseff para corrigir distorções atuais podem ajudar a restaurar a confiança dos investidores no país.
Para Marcelo Kayath, diretor responsável de renda fixa e variável do Credit Suisse na América Latina, o mercado brasileiro tende a repetir no próximo ano o desempenho de 2013, quando 10 empresas nacionais decidiram abrir o capital na bolsa. Neste ano, apenas uma companhia, a Ouro Fino Saúde Animal estreou na BM&FBovespa.
"Estou confiante de que haverá melhora em 2015; podemos ter surpresas", disse Kayath, acrescentando que vê oportunidades nos setores de varejo e de serviços financeiros.
Para o diretor responsável da área de banco de investimentos do Credit Suisse, Fabio Mourão, o mercado de fusões e aquisições deve mostrar resiliência, a exemplo de 2014, com um volume financeiro de cerca de 83 bilhões de dólares, em linha com anos anteriores.
"Houve um amadurecimento desse setor no Brasil, o investidor está pensando no longo prazo, menos preso ao cenário cíclico", disse Mourão.
Apesar do otimismo com oportunidades de negócios, o CS prevê um ano difícil do ponto de vista macroeconômico para 2015, prevendo a primeira alta anual do desemprego desde 2009, chance de uma em quatro de racionamento de energia elétrica e inflação pelo IPCA de 6,7 por cento, acima do teto da meta oficial.
Porém, as primeiras sinalizações positivas do governo Dilma, ao indicar maior ortodoxia na condução da economia, devem ser suficientes para evitar que o país perca a categoria de grau de investimento pelas agências de classificação de risco de crédito, disse Stuhlberger.
Além disso, os desdobramentos das investigações de escândalo de corrupção na Petrobras não devem diminuir o interesse dos investidores internacionais por projetos de infraestrutura no Brasil, disse Pereira.