LONDRES/NOVA YORK/TÓQUIO (Reuters) - A especialista em doenças raras Shire afirmou nesta quarta-feira que está inclinada a recomendar a seus acionistas uma oferta melhorada de aquisição feita pela Takeda Pharmaceutical, no valor de 64 bilhões de dólares, no que pode marcar a maior aquisição no setor farmacêutico neste ano.
As ações da Takeda ampliaram perdas, recuando 7 por cento diante da preocupação de investidores sobre a capacidade da companhia de comprar uma empresa duas vezes maior, o que também criou dúvidas se os acionistas da Shire aceitariam a oferta que é 56 por cento formada por ações do grupo japonês.
"As chances são de que os acionistas britânicos em particular não vão querer ações da Takeda, então haverá um desconto forçado porque algumas pessoas vão vender", disse Neil Dwane, estrategista global na Allianz (DE:ALVG) Global Investors, que detém 1,1 por cento das ações da Shire, segundo dados da Thomson Reuters.
Por outro lado, as ações da Shire exibiam queda de 2,17 por cento às 11:27 (horário de Brasília), cotadas a 38,44 libras, bem abaixo da oferta de 49 libras da Takeda, sinalizando ceticismo dos investidores sobre um acordo.
A Takeda fez um primeiro anúncio de que estava considerando uma oferta pela Shire há quatro semanas e a ausência de interesse firme de rivais significa que investidores vêem pequena chance de uma contraproposta surgir.
A GlaxoSmithKline descartou uma oferta pela Shire nesta quarta-feira.
A Shire já rejeitou quatro propostas anteriores feitas pela Takeda. A quinta oferta é avaliada em 49,01 libras por ação e é formada por 27,26 libras por ação na forma de novas ações da Takeda e 21,75 libras por ação em dinheiro.
A Takeda é avaliada hoje em 33 bilhões de dólares e tinha 4,3 bilhões de dólares em caixa até o final de dezembro.
A Shire tem origens em 1986, quando começou a operar como uma vendedora de suplementos de cálcio para tratamento de osteoporose, a partir de um escritório acima de uma loja em Hampshire, no sul da Inglaterra. Desde então, a empresa cresceu rapidamente via aquisições, gerando receitas de cerca de 15,2 bilhões de dólares no ano passado.
Mas a empresa tem estado sob pressão nos últimos 12 meses diante de maior competição de medicamentos genéricos e dívida de 32 bilhões de dólares gerada pela compra da Baxalta em 2016.
(Por Ben Martin, Carl O'Donnell e Sam Nussey)