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Por Leticia Fucuchima e Lisandra Paraguassu
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar na China na semana que vem tendo no radar de anúncios a instalação de uma fábrica de veículos elétricos e híbridos da gigante chinesa BYD (HK:1211)na Bahia, ainda que o acordo não esteja concluído, dependendo de detalhes que incluem um aceite definitivo da atual dona da instalação, a Ford (NYSE:F), disseram fontes à Reuters.
O anúncio de assinatura de memorando de investimento de 3 bilhões de reais pela BYD no Brasil foi em outubro, pelo próprio governo da Bahia, e a expectativa era que um acordo definitivo fosse alcançado até o final de 2022, conforme executivos da companhia chinesa, disseram à Reuters em novembro.
A BYD disputa a liderança mundial em carros elétricos com a Tesla (NASDAQ:TSLA) e o investimento na Bahia já inclui o valor da fábrica.
Segundo fonte próxima da BYD, após uma diligência da empresa à fábrica de Camaçari, que tem uma capacidade para cerca de 300 mil veículos por ano, "a decisão é de fazer mesmo o investimento", mas a companhia está "de mãos atadas" enquanto as negociações com a Ford para a compra da fábrica não se concluem.
Outra fonte próxima da BYD afirmou à Reuters que as negociações estão "na reta final" e que falta apenas a resolução de "trâmites burocráticos necessários", sem que haja obstáculos relevantes para o fechamento do negócio.
Segundo informações da imprensa especializada na época da inauguração, a Ford investiu 1,3 bilhão de dólares para abrir a fábrica em Camaçari injetando mais recursos para ampliações do complexo ao longo dos anos.
Procurados, o governo baiano e a BYD informam apenas que as negociações prosseguem. A Ford, que anunciou em 2021 abandonar a produção de veículos do Brasil para focar no processo de eletrificação de seus modelos em mercados maiores, não comentou.
A comitiva de Lula para a China envolve a viagem de cerca de 250 pessoas, mas representantes da BYD do Brasil não estavam entre os participantes da comitiva até meados desta semana, afirmaram duas fontes à Reuters.
A visita brasileira acontece em um momento em que as vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil têm acelerado, basicamente via importações, enquanto grupos tradicionais como Volkswagen (ETR:VOWG), GM e Stellantis (NYSE:STLA) ainda produzem apenas modelos a combustão no país, embora venham defendendo incentivos governamentais para híbridos flex e elétricos.
"Há um contexto favorável para trazer a fabricação dos veículos elétricos para cá, dadas as promessas do novo governo, de reindustrialização do Brasil e aposta na economia verde", disse a primeira fonte.
Nesta semana, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que vai acompanhar Lula na viagem à China, teve uma reunião com representantes do governo chinês no país e comentou que o projeto da fábrica depende apenas de um acordo entre as companhias. "Se dependesse da gente já teria rolado a negociação", disse Rodrigues na quarta-feira.
Uma fonte diplomática do governo Lula deu como certo que o acordo para a instalação da produção da BYD em Camaçari vai ser anunciado durante a visita do presidente brasileiro a Pequim.
"Para os chineses é importante instalar na Bahia porque mesmo eles não aproveitando tanto a estrutura, são chineses substituindo americanos", disse a fonte.
A fábrica da Ford em Camaçari, inaugurada em 2001, fica longe dos maiores polos consumidores do Sul e Sudeste do país. Mas, segundo Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, tem como vantagem incentivos fiscais do regime tributário especial prorrogado até 2025 e que beneficia montadoras no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O mecanismo, que já foi prorrogado sucessivas vezes, conta com a defesa de parlamentares das regiões beneficiadas para nova extensão até 2032.
Além dos incentivos tributários, a BYD também está interessada em usar o complexo baiano como eventual polo de exportação de componentes para baterias de veículos elétricos e também de veículos para mercados da América do Sul, como Colômbia, Chile e Peru, que têm avançado na pauta de vendas externas do setor automotivo brasileiro, disse a primeira fonte.
A BYD também tem interesse no complexo da Ford para produzir chassis de caminhões e ônibus elétricos, em uma estratégia semelhante a já adotada pelo grupo na China, acrescentou. A companhia já produz ônibus elétricos em Campinas (SP).
"É um ponto positivo para o mercado nacional. Temos a GWM e em breve a BYD, e ainda nem começou a discussão no Congresso sobre as taxações especiais" para veículos elétricos e híbridos, disse Pagliarini.
Oitavo mercado consumidor do mundo, o Brasil há anos vem lidando com excesso de capacidade produtiva de seu setor automotivo.
Caso a BYD feche com a Ford, o grupo chinês será a 16a marca de automóveis do país, reforçando um grupo pequeno, mas crescente de montadoras da China com presença local. A mais recente deste grupo é a Great Wall Motors (GWM), voltada a utilitários esportivos "premium".
(Texto e reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr.)
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