Por Rollo Ross
LOS ANGELES (Reuters) - Na nova temporada da série de ficção científica "Black Mirror", da Netflix (NASDAQ:NFLX), uma gerente de escritório descobre que um serviço de streaming está reproduzindo sua vida usando um avatar da atriz Salma Hayek.
Hayek, no episódio lançado nesta quinta-feira, vendeu sua imagem digital para Hollywood para utilização em programações criadas com inteligência artificial (IA).
A história destaca as preocupações reais de atores e roteiristas, disse Annie Murphy, que interpreta a gerente do escritório. O Sindicato dos Roteiristas da America (WGA, na sigla em inglês) entrou em greve no início de maio, em parte devido a preocupações de que os estúdios começariam a usar IA generativa, em vez de humanos, para escrever roteiros.
"Espero que isso traga à tona o que eles estão lutando e por que estão lutando", disse Murphy em uma entrevista.
"Não são apenas os roteiristas sendo reclamões. São eles dizendo: 'Podemos não ser substituídos por computadores?' e isso é uma coisa tão assustadora para os seres humanos terem que perguntar", acrescentou ela.
Os atores têm expressado preocupação após "deepfakes" realistas de estrelas como Tom Cruise, Keanu Reeves e Hayek começarem a circular online. Membros do sindicato de atores SAG-AFTRA estão buscando proteção sobre como suas imagens são usadas em suas negociações com os estúdios de Hollywood.
"Por mais que eu realmente queira que as pessoas dêem boas risadas e aproveitem nosso episódio chocantemente alegre quando se trata de 'Black Mirror', espero que desperte uma conversa adequada, ou várias conversas, sobre as terríveis repercussões que a IA pode ter se sair dos trilhos", disse Murphy.
Murphy disse que ela e Hayek discutiram o assunto durante as filmagens de "Black Mirror".
"A imagem dela tem sido usada de maneiras terríveis e desrespeitosas, então tivemos conversas sobre isso", disse Murphy.
(Reportagem de Rollo Ross)