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Shoppings e lojistas travam queda de braço sobre aluguel durante fechamentos

Publicado 24.03.2020, 19:02
© Reuters. Pessoas circulam por shopping center em Recife (PE)

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - As negociações entre operadores de shopping centers e lojistas sobre pagamento de alugueis durante o fechamento de empreendimentos determinados por autoridades públicas para frear o coronavírus chegaram a um impasse, enquanto o setor busca corte de impostos e outras medidas de apoio junto aos governos para enfrentar a crise.

"O cenário tem que ser analisado dia a dia, hora a hora.... Nossa posição no momento é de que, embora por contrato esses aluguéis sejam devidos, é razoável que a cobrança seja feita posteriormente em momento oportuno", disse Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

Os comentários de Humai vêm na contramão de um comunicado enviado na véspera pela associação de lojistas de shopping centers, a Alshop, que citava acordo para isenção dos aluguéis enquanto os empreendimentos estivessem fechados, além de "flexibilização" e redução nas taxas de condomínio.

Procurada, a Alshop informou que a manutenção do pagamento do aluguel sem as lojas estarem operando é inviável e que a retomada das vendas deve ser lenta e gradual.

"Entendemos que o relacionamento entre o lojista e o dono de shopping é regido por um contrato e propomos o bom senso nesse momento difícil para todo o setor", disse a Alshop no comunicado desta terça-feira.

Até agora, 550 dos 577 shoppings do Brasil estão fechados por ordem de autoridades que combatem a disseminação do Covid-19, segundo dados da Abrasce.

© Reuters. Pessoas circulam por shopping center em Recife (PE)

Humai afirmou que a Abrasce já enviou aos governos federal, estaduais e municipais um documento com 22 medidas necessárias para ajudar o setor a superar a crise sem demissões em massa, mas ainda não houve respostas.

"Não tem essa priorização ou indicação de que nosso segmento será atendido e quais seriam as medidas", disse Humai, acrescentando que os shoppings brasileiros geram cerca de 3 milhões de empregos diretos.

Enquanto isso, segundo ele, as operadoras de shoppings vêm trabalhando para cortar em pelo menos 30% as despesas de condomínio. "Nossa recomendação é que se reduza ao máximo o condomínio e as empresas já estão renegociando contratos com fornecedores para que isso ocorra nos próximos meses", afirmou o presidente da Abrasce.

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