Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Presente em mais de 40 países, a catarinense Tupy (SA:TUPY3) trabalha em duas frentes principais para reinventar parte de sua produção e superar a barreira do foco apenas em metalurgia, segundo Fernando Cestari de Rizzo, CEO da empresa. Os dois grandes vetores que dirigem a mudança são a Tupy Up e a Tupy Tech, que promovem transformação digital e soluções disruptivas em temas que ainda necessitam soluções, como é o caso da descarbonização. Rizzo falou sobre as iniciativas durante o Fórum Reinventa-SC, realizado nesta quarta-feira (25) pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).
A Tupy desenvolve componentes estruturais em ferro fundido para transporte de carga, infraestrutura, agronegócio e geração de energia. As fábricas estão localizadas em Joinville (SC), Mauá (SP), Betim (MG) e, no exterior, nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe (México) e Aveiro (Portugal). Além disso, a Tupy tem escritórios no Brasil, EUA, Alemanha, Itália e Holanda. Em abril deste ano, a empresa comprou a companhia de motores MWM por R$ 865 milhões, visando benefícios pelo movimento de transição energética mundial.
A companhia reportou lucro líquido de R$ 74 milhões no 1T22, revertendo prejuízo de R$ 15 milhões no 1T21. O CEO afirmou que a companhia ainda sofreu historicamente com dívidas acumuladas de iniciativas empreendedoras desde sua expansão inicial, com retração do valuation. No entanto, já conta com um processo de reestruturação e novo plano estratégico. As ações da Tupy subiam 0,40% R$22,73 às 13h52 desta quinta. Em um ano, acumulavam queda de 6,21%, sendo que atingiram máxima de R$ 25,33. O InvestingPro aponta que o preço-justo para os papéis seria de 28,68%, uma alta potencial de 27,60%. A ferramenta faz a média das estimativas de 15 modelos.
Tecnologia, transformação digital e pelas pessoas
Na Tupy Up, a companhia busca a digitalização, inovação, colaboração interna e externa para a criação de oportunidades de novos negócios e melhorias operacionais. Com grandes fábricas e equipamentos com elevadas taxas de manutenção, esses quesitos podem ser melhorados por meio da digitalização. Além disso, a empresa lançou no ano passado sua aceleradora de startups ShiftT. Mais de 100 startups realizaram inscrições para o processo e hoje 4 estão em fase de aceleração.
Já a Tupy Tech atua no desenvolvimento tecnológico disruptivo, buscando criar novas avenidas de crescimento. “Não só criando tecnologias, mas desenvolvendo mercados em que a demanda já existe, mas a solução que a indústria apresenta hoje não é suficiente. Por exemplo, a reciclagem de baterias, de lítio, para carros elétricos e outros equipamentos. Os minerais são escassos e precisamos fechar esse ciclo”, reforça o CEO.
Nessa frente, a Tupy elaborou dois grandes projetos, um em parceria com a BMW, na montadora localizada em SC, além de um estudo com a Universidade de São Paulo (USP). A expectativa é apresentar um piloto em até doze meses. As iniciativas chegam diante de um cenário que demanda descarbonização. Por exemplo, a companhia apresentou em Congresso em Viena um protótipo para desenvolver o processo de substituição de alumínio por ferro.
A empresa também busca a transformação por meio das pessoas, conforme detalhou o CEO. Assim como outras companhias do ramo que é tradicional no Norte Catarinense, os colaboradores tendem a permanecer no time por períodos mais longos.
“A Tupy é empresa típica de pessoas que ficam muitos anos na companhia. Eu entrei há 30 anos. A maior parte dos meus colegas têm muitos anos de empresa. E nós precisamos treinar essas pessoas. Com ajuda da Fiesc e do Senai, fizemos um curso de mestrado em inovação. Nós estamos atravessando cada etapa do nosso processo, trazendo fabricantes e aprendendo como vamos rever todos eles.