Por Luc Cohen e Brian Ellsworth
CARACAS (Reuters) - Designers venezuelanos recorreram à pirataria para contornar o bloqueio que a produtora norte-americana de software Adobe impôs no acesso a seus produtos no país após sanções do governo de Donald Trump contra Caracas.
A Adobe, cujos produtos como Photoshop e Illustrator são muito usados por designers, ilustradores e artistas digitais, anunciou na segunda-feira a desativação "de todas as contas na Venezuela" para cumprir com as sanções de Trump, que são parte da estratégia de Washington para tirar do poder o presidente Nicolas Maduro.
Gremiana Gonzalez, estudante de artes gráficas na Universidade de Andes, no Estado de Merida, publicou instruções no Twitter sobre como "liberar qualquer aplicativo da Creative Cloud", referindo-se ao pacote de programas da Adobe.
"Nestas circunstâncias, ou você usa software pirateado ou você não come", escreveu Gonzalez. "Eu sei que assim como eu, muitos venezuelanos dependem completamente de frilas e o pacote da Adobe é o mais usado, mais reconhecido e de mais fácil acesso", acrescentou.
A Adobe disse que seus produtos vão parar de funcionar na Venezuela em 28 de outubro.
Críticos da política norte-americana sobre a Venezuela ligaram o anúncio da Adobe como o mais recente exemplo de como a escalada nas sanções dos EUA tem prejudicado pessoas comuns sem conseguir tirar do poder Maduro, que é acusado de corrupção e violação de direitos humanos.
Representantes da Adobe e do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que implementa as sanções, responderam a pedidos de comentários.
Francisco Rodriguez, um importante economista venezuelano que lançou uma organização sem fins lucrativos para ajudar a reduzir os impactos da crise humanitária no país, divulgou uma petição pedindo ao Tesouro dos EUA para autorizar que as produtoras de software não sejam incluídas nas sanções.
"A decisão da Adobe de suspender os serviços na Venezuela reacendeu o debater sobre o impacto das sanções", disse Rodriguez no Twitter. "Mas, talvez, estamos deixando de lado a pergunta mais importante: o que podemos fazer para reduzir o impacto destas medidas sobre os venezuelanos?"
(Por Luc Cohen)