Por Marcela Ayres
SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de telecomunicações Oi viu expressiva queda no lucro do terceiro trimestre, impactada pelo aumento das despesas financeiras em um período marcado por queda na receita operacional no Brasil e em Portugal.
Entre julho e setembro, o lucro líquido consolidado da companhia foi de 5 milhões de reais, com o resultado atribuído aos controladores somando 7,6 milhões. No mesmo período do ano passado, o lucro havia sido de 172 milhões. No segundo trimestre deste ano a empresa havia sofrido prejuízo de 221 milhões de reais.
O resultado, que leva em conta os números da Portugal Telecom SGPS que passaram a ser consolidados no balanço da companhia a partir de maio, foi afetado por um aumento de 51,3 por cento no resultado financeiro líquido negativo, a 1,2 bilhão de reais, diante de desvalorização cambial e avanço das despesas financeiras.
Impulsionada pela contribuição da operação portuguesa, a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou 3 bilhões de reais no período, alta de 40,6 por cento no ano-a-ano.
Na comparação pro-forma, porém, que inclui os dados de Portugal em igual período do ano passado, o Ebitda da Oi sofreu recuo de 1,5 por cento, afetado pela queda na receita operacional líquida em seus dois principais mercados - Brasil e Portugal.
Nos três meses encerrados em setembro, a receita operacional líquida total do grupo somou 8,8 bilhões de reais.
No Brasil, somente, a receita total das operações caiu 5,1 por cento sobre um ano antes, a 6,7 bilhões de reais, atingida, segundo a Oi, pela redução da receita de uso de rede, recuo nas tarifas de chamadas locais e de longa distância, diminuição na base de telefonia fixa e cenário macroeconômico menos favorável.
No segmento residencial brasileiro, as receitas somaram 2,45 bilhões de reais, declínio de 4,4 por cento no ano-a-ano, enquanto na telefonia móvel a queda foi de 6,4 por cento, a 2,18 bilhões.
Já em Portugal, a receita líquida trimestral caiu 4,5 por cento, a 1,8 bilhão de reais, sofrendo o impacto desfavorável do câmbio, mas também da menor demanda pelos serviços fixos e móveis.
A Oi fechou o trimestre com dívida líquida de 47,8 bilhões de reais, alta sobre os 46,2 bilhões registrados ao fim do segundo trimestre, depois que a holding Rioforte deu calote em julho em empréstimo de cerca de 900 milhões de euros concedido pela Portugal Telecom.
Em meio ao processo de consolidação do setor no Brasil, a companhia tem dito que pode vender ativos portugueses para reduzir sua dívida. Em pouco mais de uma semana, a companhia revelou ter recebido proposta pelos ativos do grupo europeu Altice, de 7,025 bilhões de euros, e dos grupos de private equity Apax Partners e Bain Capital, de 7,075 bilhões de euros.
A Oi também busca obter recursos para fazer uma oferta pela rival TIM, tendo contratado o BTG Pactual em agosto para atuar como comissário no desenvolvimento de alternativas para viabilizar a proposta de aquisição.