Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano reunirá grandes empresas do Vale do Silício, prêmios Nobel e especialistas em tecnologia na sexta-feira para debater o uso ético da tecnologia digital, um evento que pode fornecer material para um possível documento papal sobre inteligência artificial.
A conferência de três dias, que representantes do Vaticano afirmam ser a primeira do tipo, terá presença de executivos de companhias como Facebook, Mozilla e Western Digital, estudiosos católicos de ética, reguladores governamentais e executivos de bancos de investimento.
"A indústria de tecnologia... se dá ao luxo de pensar que qualquer produto que criar será para o bem comum", disse Mitchell Baker, presidente da Mozilla. "O motivo de pensar assim é que liberdade ou expressão humana estão sempre embutidos na tecnologia que sai do Vale do Silício e que todos consideram como boa", afirmou.
A reunião acontece em meio à crescente preocupação com ciberespionagem, propagação de discursos de ódio online e uso indevido de dados privados, além de sinais de que a indústria está tendo dificuldades em responder.
Autoridades do Vaticano afirmam que a conferência poderá fornecer material para uma possível encíclica papal, ou carta do papa aos católicos, sobre inteligência artificial, assim como reuniões com cientistas ajudaram na encíclica de 2015 "Laudato Si" sobre proteção do meio ambiente e aquecimento global.
O papa Francisco vai fazer um pronunciamento na conferência na sexta-feira.
"Muitas pessoas que trabalham com inteligência artificial estão determinadas para que esta tecnologia seja desenvolvida de maneira ética", disse o bispo Paul Tighe, secretário do Conselho para Cultura do Vaticano. "Queremos que ela seja "inteligência artificial para o bem", acrescentou.