Por Jonathan Allen
NOVA YORK (Reuters) - Em 2008, Hillary Clinton prometeu a Barack Obama, então presidente recém-eleito dos Estados Unidos, transparência sobre quem financia os programas de caridade mantidos por sua família em todo o mundo.
À época, ela fez a promessa de divulgar todos os financiadores anualmente, de modo a não dar margens para desconfianças de que pudesse ser influenciada por interesses externos enquanto ocupava o cargo de secretária de Estado.
Como resultado, a Fundação Clinton de fato publicou o que disse ser uma lista completa de nomes de mais de 200 mil doadores, atualizando-a periodicamente. Mas em uma violação da promessa, o principal programa de saúde da entidade interrompeu a sua divulgação anual em 2010, como descoberto pela Reuters.
Em resposta a questionamentos da Reuters, representantes da Iniciativa Clinton de Acesso a Saúde (Chai, na sigla em inglês) e da fundação confirmaram que nenhuma lista completa de doadores foi divulgada desde 2010.
A Chai se desmembrou como um ente jurídico independente naquele ano, mas os representantes reconheceram que a entidade continuou sujeita ao mesmo acordo de divulgação assumido pela fundação.
A revelação pode intensificar o escrutínio das promessas por transparência feitas por Hillary Clinton em um momento no qual ela se prepara para lançar, nas próximas semanas, sua esperada candidatura à Casa Branca.
Opositores e grupos de defesa da transparência têm criticado a democrata nas últimas semanas, primeiro por sua decisão de usar um endereço de email privado enquanto era secretária de Estado e depois por ter apagado várias mensagens consideradas por ela como privadas.
A Chai, que possui notoriedade por ajudar na redução do custo de medicamentos destinados a pessoas com HIV em países em desenvolvimento, publicou uma lista parcial de doadores pela primeira vez somente em 2015.
A entidade deveria ter publicado os nomes relativos ao período entre 2010 e 2013, quando Clinton ocupava o cargo, reconheceu a porta-voz da Chai, Maura Daley, nesta semana. "Não fazê-lo foi um lapso que corrigimos neste ano", disse ela à Reuters por email, após ser questionada sobre a razão para nenhuma lista ter sido divulgada até poucas semanas atrás.
Um porta-voz de Hillary Clinton não quis comentar o assunto. O ex-presidente Bill Clinton, que também assinou o acordo com o governo Obama, estava viajando e não pôde ser encontrado para comentar, de acordo com um porta-voz.