Por George Georgiopoulos e Renee Maltezou
ATENAS (Reuters) - A ala política rebelde, contrária ao pacote internacional de resgate da Grécia, deixou o partido esquerdista Syriza nesta sexta-feira, formalizando a ruptura interna depois que seu líder, Alexis Tsipras, renunciou ao cargo de primeiro-ministro e abriu caminho para a antecipação das eleições.
O presidente da Grécia deu à oposição conservadora a chance de formar um novo governo após a renúncia de Tsipras na quinta-feira, mas parece quase certo que o país terá no próximo mês sua terceira eleição em três anos.
Com as novas eleições Tsipras espera fortalecer sua posição, depois de sete meses no cargo durante os quais enfrentou os credores da Grécia para conseguir um acordo melhor de resgate, mas teve de ceder e aceitar condições mais onerosas do que prometera.
Um dia após o dinheiro começar a fluir para o país, como parte do terceiro programa de resgate da Grécia, o mais que necessário período de segurança política e econômica permanece tão evasivo como sempre, levando a chamados de líderes da zona do euro para que o país se atenha aos compromissos assumidos no âmbito do acordo.
Os membros da extrema esquerda do Syriza que se opõem às promessas de mais medidas de austeridade e reformas econômicas feitas por Tsipras para garantir a 86 bilhões de euros (97.000 bilhões de dólares) em empréstimos se separaram para formar um novo partido.
Um deputado que é vice-presidente no Parlamento informou que a nova legenda se chamará Unidade Popular e será liderada pelo ex-ministro da Energia Panagiotis Lafazanis, demitido por Tsipras no início deste ano por se recusar a apoiar o governo.
Um dos novos membros do partido, o deputado e economista Costas Lapavitsas, observou que os gregos tinham votado por maioria esmagadora em junho contra um acordo de resgate proposto pela zona euro e o FMI, mas, logo após o referendo, Tsipras fez um giro de 180 graus para salvar o sistema financeiro e o futuro da Grécia na zona do euro.
"Queremos dar voz aos 62 por cento das pessoas que disseram ‘não' e que não querem pacotes", afirmou Lapavitsas à TV ERT. "Vemos um forte apoio das pessoas que se sentem traídas."
Com 25 parlamentares, o partido será o terceiro maior bloco no Parlamento de 300 cadeiras, embora muito atrás do Syriza, que tinha 149 antes da ruptura.
A saída do grupo mais radical poderá permitir a Tsipras conduzir o Syriza um pouco mais para o centro político e ampliar seu poder de atração entre os eleitores, que permanece forte, apesar de a Grécia quase ter entrado em colapso financeiro sob seu governo.